Irã bloqueia mensagens com código de verificação e impede acesso a redes sociais

Atualmente, cidadãos só conseguem acessar sites proibidos, incluindo redes sociais e de notícias, através de ferramentas antifiltragem

O governo do Irã tem ampliado a censura digital no país. Nos últimos dias, cidadãos relataram que mensagens de texto com códigos de verificação enviados por redes sociais têm sido bloqueados, impedindo que muitas pessoas façam login nas páginas. As informações são da rede Radio Free Europe.

Os primeiros relatos surgiram na quarta-feira (17), com cidadãos impedidos de acessar Telegram, Twitter e WhatsApp. A estratégia do governo foi exigir das operadoras de telefonia o bloqueio das mensagens de texto com códigos de verificação de dois fatores. Assim, aqueles que se desconectam das redes não mais podem reconectar.

No caso específico do Telegram, nos primeiros momentos era possível driblar o bloqueio recebendo chamadas telefônicas com o código de acesso, em vez das mensagens de texto.

Twitter em fundo difuso, agosto de 2020 (Foto: Divulgação/Unsplash/ Joshua Hoehne)

Há pouco mais de um ano, Teerã debate um projeto de lei que levaria ao bloqueio definitivo de inúmeros sites, entre eles as poucas redes sociais ainda acessíveis no país, que já tem dezenas de milhares de página bloqueadas.

Além disso, regularmente os iranianos têm a conectividade cortada durante períodos cruciais, como ocorreu no apagão de sinal de quase uma semana em meio aos protestos contra o governo após as eleições de 2019.

Em julho do ano passado, o projeto de lei para entregar o controle dos portais de internet do país às forças armadas e criminalizar o uso de redes privadas virtuais (VPN, na sigla em inglês) foi enviado para revisão a um comitê parlamentar, apesar das críticas públicas ferozes.

A proposta exige que os cidadãos se registrem para conseguir acessar a internet, permitindo ainda que o governo bloqueie sites e plataformas geridos por empresas estrangeiras que não têm representação no território iraniano.

Dos 209 legisladores presentes, 121 votaram em uma sessão de porta fechada para avançar o projeto de lei, há pouco mais de um ano. A regulamentação, que ainda não foi colocada em prática e segue em análise, geraria alguns anos de implementação “experimental”.

O projeto de lei assustou os cidadãos comuns que usam as mídias sociais para ganhar a vida, comunicar-se entre si ou, em alguns casos, acessar informações censuradas através do uso de VPNs.

Especialistas cibernéticos e defensores da liberdade de imprensa temem que o projeto de lei seja a ruptura definitiva da liberdade na internet no Irã, onde os cidadãos só conseguem acessar sites proibidos, incluindo redes sociais e de notícias, através de ferramentas antifiltragem.

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