Jornalista que denunciou casos de assédio na TV chinesa é condenada a cinco anos de prisão

Presa desde 2021 sem direito a visitas de familiares, a ativista ligada ao #MeToo seguirá encarcerada até o ano de 2026

A ativista feminista e jornalista chinesa Sophia Huang, que analisou casos de assédio sexual e agressão a mulheres chinesas que trabalham na mídia local, foi condenada a cinco anos de prisão por um tribunal do sul da China, segundo informou a rede Radio Free Asia (RFA). Ela foi julgada e condenada por “incitamento à subversão do poder do Estado.

Presa desde 2021 sem direito a visitas de familiares, a profissional terá o tempo já cumprido descontado da pena final, o que deve mantê-la encarcerada até 2026. Ela também teve cerca de 100 mil yuans (R$ 74,5 mil) em bens confiscados pela corte.

Com seu trabalho jornalístico, que analisou casos de assédio sexual e agressão a mulheres chinesas que trabalham na mídia local, Sophia se transformou em 2018 em uma figura importante na China do movimento #MeToo, surgido nos Estados Unidos para denunciar abusos cometidos por homens em cargos de poder, muitos deles celebridades.

Sophia Huang em 2018, ano em que impulsionou #MeToo na China (Foto: Twitter/Reprodução)

No dia 19 de setembro de 2021, Sophia, juntamente do ativista dos direitos trabalhistas Wang Jianbing, sumiu enquanto se dirigia ao aeroporto da cidade chinesa de Guangzhou. A jornalista estava prestes a embarcar para o Reino Unido, onde estudaria na Universidade de Sussex com uma bolsa de estudos custeada pelo governo britânico.

O ativista pelos direitos trabalhistas e advogado Wang Jianbing, apoiador do movimento e defensor de pessoas com deficiência e trabalhadores com doenças profissionais, foi alvo da mesma acusação. Julgado também na sexta-feira (14), ele foi condenado a três anos e meio de prisão.

A decisão judicial gerou manifestações de repúdio de grupos de defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional. “Eles não cometeram nenhum crime real. Em vez disso, o governo chinês inventou desculpas para considerar o seu trabalho uma ameaça e para atacá-los por educarem a si próprios e aos outros sobre questões de justiça social, como a dignidade das mulheres e os direitos dos trabalhadores”, disse a diretora da ONG na China, Sarah Brooks.

A Front Line Defenders usou seu perfil na rede social X, antigo Twitter, para “condenar veementemente” a sentença, que segundo a organização foi imposta devido ao “trabalho pacífico em matéria de direitos humanos”. Na postagem, ainda pediu a “libertação imediata” da dupla e o “fim dos ataques contra todos os defensores dos direitos humanos chineses.”

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