Cada soldado norte-coreano enviado ao campo de batalhas na guerra da Ucrânia receberá US$ 2 mil (R$ 11 mil) mensais do governo da Rússia. A informação foi divulgada na quarta-feira (23) pela inteligência da Coreia do Sul, segundo a qual mais de dez mil combatentes devem ser enviados por Pyongyang. O relato é da rede Radio Free Asia (RFA).
Se confirmados os valores, representam um ganho estratosférico para os padrões da Coreia do Norte, onde estima-se que um soldado receba o equivalente a R$ 12 por mês. Considerando os relatos que chegam do país comunista, entretanto, acredita-se que a maior parte dos ganhos de cidadãos autorizados a trabalhar no exterior é retida pelo governo.
Nos últimos dias, Seul afirmou que soldados enviados por Pyongyang já estão na Rússia, embora ainda não tenham assumido funções de combate. A informação é compatível com outra divulgada pelo jornal The Washington Post, segundo o qual “vários milhares” de norte-coreanos estariam recebendo treinamento dentro e seriam enviados ao campo de batalhas até o final deste ano.

De acordo com o Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul, os instrutores russos teriam ficado positivamente impressionados com a forma física e o moral elevado dos norte-coreanos. Por outro lado, se espantaram com a falta de conhecimento sobre táticas modernas de combate, o que deve aumentar o número de baixas quando forem autorizados a lutar.
Na semana passada, a inteligência militar de Kiev disse que um batalhão composto por cerca de três militares norte-coreanos está sendo formado e será futuramente encarregado de operações de alto risco e da defesa o território russo nas proximidades na região de Kursk, que desde agosto é palco de uma bem-sucedida invasão ucraniana.
Há duas semanas, o ministro da Defesa da Coreia do Sul, Kim Yong-hyun, disse que é grande a probabilidade de que soldados norte-coreanos inclusive já tenham morrido na Ucrânia, mesmo sem combater. A alegação reforça um relato da mídia ucraniana de que seis oficiais foram mortos em um ataque com mísseis ucranianos perto de Donetsk.
A estimativa de Seul é de que até 1,5 mil norte-coreanos já estejam em solo russo, número que pode chegar a três mil nas próximas semanas. No futuro, se a colaboração direta entre Rússia e Coreia do Norte for mantida, entre dez mil e 12 mil militares cedidos pelo regime comunista podem reforçar as tropas do kremlin na guerra.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, fez relato semelhante, de acordo com a rede CNN. “Avaliamos que, entre o início e meados de outubro, a Coreia do Norte moveu pelo menos três mil soldados para o leste da Rússia”, disse. “Avaliamos que esses soldados viajaram de navio da área de Wonsan, na Coreia do Norte, para Vladivostok, na Rússia.”
Ele também ratificou a informação de que os norte-coreanos ainda estão em fase de treinamento, mas que em breve devem entrar em combate. “Essa é certamente uma probabilidade altamente preocupante”, declarou Kirby.