O estado de Nova Gales do Sul, na Austrália, registrou em 2025 o maior número de mortes de aborígenes e habitantes das Ilhas do Estreito de Torres sob custódia. O aumento alarmante, divulgado pela ABC News, gerou uma onda de protestos e reacendeu o debate sobre o racismo estrutural e a super-representação indígena no sistema prisional australiano.
De acordo com a deputada estadual de Nova Gales do Sul, Teresa O’Sullivan, foram contabilizadas 12 mortes sob custódia neste ano – o número mais alto já registrado. Em uma rara declaração pública, ela classificou a situação como um “marco profundamente angustiante”, ressaltando que “são indivíduos cujas mortes exigem escrutínio independente, respeito e responsabilização”.

Dados do Departamento de Estatísticas e Pesquisas Criminais de Nova Gales do Sul (NSW Bureau of Crime Statistics and Research) indicam que, em março de 2025, havia 4.244 adultos aborígenes presos, o equivalente a 32,4% da população carcerária adulta. O número representa um aumento de 18,9% em cinco anos, enquanto a população não indígena encarcerada diminuiu 12,5% no mesmo período.
O Aboriginal Legal Service (NSW/ACT) Limited, organização comunitária de assistência jurídica, classificou o relatório como um “registro horrível” e alertou para a gravidade da crise. “Esta é uma tragédia evitável que deveria alarmar profundamente a todos em Nova Gales do Sul. Uma sentença de prisão não deveria ser uma sentença de morte”, declarou a CEO Karly Warner.
O caso mais recente que gerou indignação nacional ocorreu em maio, quando um homem indígena de 24 anos morreu após ser contido por dois policiais à paisana durante uma briga com um segurança de supermercado em Alice Springs, no Território do Norte.
Desde 1991, 594 indígenas morreram sob custódia na Austrália, incluindo nove apenas em 2025, segundo a ABC. Organizações de direitos humanos pedem investigações independentes e reformas urgentes para evitar novas mortes e reduzir a desigualdade no sistema prisional.