OPINIÃO: Golpe em Mianmar é consequência de concessões de Suu Kyi

Professora da USP relembra concessões da Nobel da Paz aos militares antes da mais recente ruptura

Este conteúdo foi publicado originalmente no Jornal da USP (Universidade de São Paulo)

Os militares de Mianmar tomaram o poder do país na última segunda-feira (1º), após prender a líder civil do país, Aung San Suu Kyi. A ex-dama da flor, que venceu com ampla margem as últimas eleições, é assunto das colunas de Marília Fiorillo desde 2017.

A professora da ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes) relembra que, junto dos militares que agora a golpeiam, a vencedora do Nobel da Paz de 1991 “apoiava uma limpeza étnica dentro da Birmânia”.

“O que falta dizer é o apoio dela à limpeza étnica dos rohingyas. Isso já levou 750 mil pessoas a fugirem para Bangladesh.”

OPINIÃO: Golpe em Mianmar é consequência de concessões de Suu Kyi
A política birmanesa Aung San Suu Kyi em encontro com cúpulada União Europeia em outubrode 2013 (Foto: WikiCommons/Claude Truond-Ngoc)

Em uma de suas colunas, Marília mencionava uma milícia de Mianmar que tinha como missão eliminar minorias. Esse grupo é conhecido como “Os Bin Ladens de laranja”.

Durante o golpe, que instituiu Estado de emergência no país, foi possível perceber a presença de muitas pessoas vestidas de laranja.

“No poder, ela fez todas as concessões possíveis aos militares, inclusive mantendo na Constituição a possibilidade da decretação do Estado de emergência”, relembra a especialista.

Apesar dos discursos da comunidade internacional, que rechaçam o golpe, a Birmânia só tem um padrinho respeitável, segundo Marília: a China. Contudo, “se houver sanções [por parte da China], serão cosméticas, porque a China falou que a questão é interna”.

Suu Kyi, que sempre negou haver um genocídio dentro de seu país, chamou as pessoas para protestarem contra o golpe, no entanto, as pessoas correram para se abastecer de alimentos e tirar dinheiro dos bancos, prevendo o pior.

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