Polícia da Índia prende quatro pessoas que aliciavam jovens para servir ao exército russo

Governo diz que os indianos são atraídos por ofertas de empregos lucrativos na Rússia, mas acabam no campo de batalhas

As forças de segurança da Índia realizaram nesta semana uma operação para desmanchar uma quadrilha que alicia jovens indianos para que se juntem às Forças Armadas da Rússia na guerra da Ucrânia. Quatro pessoas foram detidas pela polícia, segundo relatou a agência Reuters.

De acordo com a CBI (Agência Central de Investigações, da sigla em inglês), ao menos 35 pessoas foram enganadas. Os criminosos prometiam às vítimas, geralmente homens jovens, empregos lucrativos na Rússia, com salários bem superiores à média da Índia. Quando se apresentavam para a função, porém, descobriam que haviam se alistado para servir ao exército na guerra.

Agentes da polícia de Kerala, na Índia, em abril de 2020 (foto: reprodução/Facebook)

Entre os detidos estão um tradutor, um indivíduo que realiza tarefas burocráticas, como compra de passagens e obtenção de vistos, e dois recrutadores. Eles atuavam principalmente nos estados de Kerala e Tamil Nadu, no sul do território indiano.

A CBI afirmou em comunicado que uma investigação continua em andamento “contra outros acusados ​​que fazem parte desta rede internacional de traficantes de seres humanos.”

O governo indiano confirmou que ao menos dois cidadãos do país morreram no conflito. Eles teriam ido à Rússia conscientes de que trabalhariam com as Forças Armadas, mas acreditavam que ocupariam funções de apoio longe do campo de batalhas.

A Índia não é o único país onde recrutadores têm atuado para levar jovens a lutar ao lado das forças russas. O Sri Lanka afirmou nesta semana diz que “vários” militares veteranos foram convencidos a se juntar ao exército russo sob a promessa de salários atrativos, com um número incerto deles mortos em combate.

No Nepal, familiares de homens convencidos a lutar fizeram um protesto pacífico em frente à Embaixada da Rússia em Katmandu para pedir notícias dos combatentes. Em dezembro do ano passado, as forças de segurança do Nepal, com as da Índia, também realizaram uma operação que terminou com a prisão de suspeitos de participar do esquema de recrutamento. 

Os nepaleses recrutados seriam principalmente jovens desempregados que teriam se alistado em troca de um passaporte russo, do visto de viagem e de vencimentos até seis vezes superiores ao salário mínimo local, que é de US$ 130 (R$ 660). Há inclusive relatos de homens que pagaram a recrutadores para que os trâmites com as forças russas fossem facilitados.

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