Polícia reprime protesto contra a inflação no centro de Almaty, no Cazaquistão

Segundo as autoridades, o protesto foi interrompido pela polícia porque não foi concedida autorização prévia para sua realização

Uma manifestação foi abafada pela polícia na região central de Almaty, capital do Cazaquistão, na terça-feira (6). Os protestos foram motivados pela alta inflação e pela insatisfação popular com a crescente influência chinesa no país, segundo a Radio Free Europe (RFE).

O organizador da manifestação é Zhanbolat Mamai, líder de um grupo que tem como objetivo a criação de um novo partido político no país, o Partido Democrático. Segundo as autoridades, o protesto foi interrompido pela polícia porque não foi concedida autorização prévia para sua realização.

Protesto contra a lata inflação no Cazaquistão é reprimido pela polícia em 6 de julho de 2021 (Foto: reprodução de vídeo)

A polícia formou barreiras para impedir o avanço dos manifestantes, e alguns deles dizem ter sofrido lesões leves em meio ao empurra-empurra. Inga Imanbai, mulher do líder dos protestos, diz que três pessoas foram detidas pelas forças policiais.

Mamai diz que o governo o impede de formalizar o partido porque somente siglas leais ao governo são autorizadas. O ministério da Justiça chegou a permitir a criação do Partido Democrático em dezembro de 2020, mas o primeiro congresso foi suspenso devido à prisão de alguns membros. A legislação exige que um partido só pode ser formado se o congresso de fundação tiver mais de mil participantes.

O próprio líder já foi detido pela polícia em manifestações anteriores. Ele também foi acusado de lavagem de dinheiro e diz que as acusações são uma forma de o governo pressioná-lo a desistir de fazer oposição.

Greve de fome

Dezenas de ativistas estão em greve de fome desde 19 de junho em várias cidades do país. Eles reivindicam o cancelamento das decisões judiciais que rotulam seus atos como extremistas e que proibiram o movimento de oposição Escolha Democrática do Cazaquistão (DVK, sigla em cazaque) e o partido associado Koshe. Muitos deles foram presos nos últimos anos por críticas ao governo cazaque e militância partidária.

Grupos de direitos humanos afirmam que a legislação do Cazaquistão fere padrões internacionais. Isso porque, apesar de a Constituição do país da Ásia Central garantir a seus cidadãos o direito de promover atos públicos, a lei prevê ação penal para quem organiza e participa de comícios que não obtiveram permissão prévia das autoridades.

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