Uma década após o incidente que ficou conhecido como “Repressão 709“, quando mais de 300 advogados e ativistas foram detidos pela polícia chinesa em 2015, a perseguição aos profissionais de Direitos Humanos ainda persiste, segundo relatório da Human Rights Watch. Muitos continuam sob vigilância, têm suas licenças canceladas e são alvo de punições indiretas, como assédio a familiares e impedimentos de viajar ao exterior.
O relatório aponta que o governo Xi Jinping intensificou o controle ideológico sobre a profissão jurídica, exigindo lealdade absoluta ao Partido Comunista Chinês. Escritórios de advocacia foram obrigados a instalar células partidárias e advogados independentes foram substituídos por defensores públicos alinhados ao Estado. Alguns que resistem foram obrigados a abandonar a carreira ou vivem em exílio forçado.

Casos como o de Wang Quanzhang, que teve sua família forçada a mudar de casa 13 vezes em dois meses, simbolizam o impacto humano da repressão. Outros, como Yu Wensheng e Xu Yan, foram presos por tentarem dialogar com diplomatas estrangeiros. A difamação pública também faz parte da estratégia: o Ministério da Segurança chegou a acusar advogados de “conspiração” e “desordem social”.
Advogados ainda ativos relatam um ambiente hostil e vigiado. Postagens em redes sociais ou atos em tribunais são monitorados em tempo real por autoridades. “No passado, éramos vistos como símbolo de justiça; hoje, somos tratados como inimigos do Estado”, disse um advogado à Human Rights Watch. A organização internacional pede o fim da perseguição, o restabelecimento das licenças canceladas e a indenização das vítimas.