Soldado australiano vai a julgamento por crime de guerra no Afeganistão

Militar é acusado de matar um civil afegão durante a ocupação do país do Oriente Médio, e pena máxima prevista é de prisão perpétua

A Justiça da Austrália confirmou que um soldado do país irá a julgamento sob a acusação de crime de guerra, por ter matado um civil afegão durante a ocupação do Afeganistão por tropas estrangeiras. As informações são da rede CNN.

A Polícia Federal Australiana (AFP, na sigla em inglês) e o Gabinete do Investigador Especial (OSI, na sigla em inglês) emitiram um comunicado conjunto confirmando que o militar, que tem 41 anos e cuja identidade não foi revelada, está sob custódia, será julgado e pode ser condenado à prisão perpétua.

“Será alegado que ele assassinou um afegão enquanto estava no Afeganistão com a Força de Defesa Australiana”, diz o texto, afirmando que ainda não existe uma data estabelecida para a realização do futuro julgamento.

Soldado do exército da Austrália em treinamento (Foto: www.army.gov.au/)

O comunicado afirma ainda que a AFP continua trabalhando “para investigar alegações de ofensas criminais sob a lei australiana relacionadas a violações das Leis de Conflito Armado pelo pessoal da Força de Defesa Australiana no Afeganistão”.

A prisão e o processo judicial contra o soldado se seguem a quatro anos de investigação sobre supostos abusos cometidos pelas tropas do país no Afeganistão entre 2005 e 2016. Um relatório divulgado em 2020 diz que 39 civis e prisioneiros de guerra afegãos foram mortos ilegalmente pelas tropas australianas.

Segundo o relatório, a “sede de sangue” e “assassinatos competitivos” eram um padrão na atuação das forças australianas em território afegão. A recomendação era de que 19 membros das forças armadas do país fossem julgados por 36 possíveis crimes de guerra.

Entre os abusos, há inúmeros casos de civis mortos que tiveram armas ou rádios de uso militar colocados ao lado do corpo para fazer parecer que fossem rebeldes armados, tornando assim justificável uma morte que na verdade foi ilegal. Nenhum dos 39 civis listados no documento teria morrido em batalha.

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