Taiwan avalia criar ‘legião estrangeira’ para fortalecer suas Forças Armadas

Ilha enfrenta déficit de militares e pressão crescente da China. Proposta busca recrutar estrangeiros residentes para reforçar as forças armadas e superar desafios de pessoal

Taiwan está analisando a possibilidade de recrutar estrangeiros para integrar suas forças armadas, em um esforço para aumentar sua capacidade de defesa diante do risco de uma hipotética invasão da China. A iniciativa, que tem sido discutida por parlamentares na ilha, contempla a criação de uma “legião estrangeira” inspirada em modelos semelhantes adotados por outros países. As informações são do The Defense Post.

Nos Estados Unidos, por exemplo, estrangeiros podem servir nas forças armadas por um período de dois anos e, em contrapartida, obter cidadania. A proposta em Taiwan visa oferecer oportunidades similares, com o objetivo de atrair residentes estrangeiros para fortalecer as fileiras militares da ilha.

Soldados das Forças Armadas de Taiwan (Foto: facebook.com/ROC.armyhq)
Contexto e desafios

A medida surge em um momento delicado para as forças armadas taiwanesas, que enfrentam um declínio significativo em seu efetivo. De acordo com relatórios recentes, um número crescente de militares tem optado pela dispensa antecipada, reduzindo o total de soldados ativos para aproximadamente 150 mil, complementados por 1,6 milhão de reservistas. Em contraste, Beijing conta com mais de 2 milhões de soldados na ativa e 500 mil reservistas.

Alexander Huang, especialista em segurança e professor da Universidade Tamkang, destacou que a força voluntária de Taiwan perdeu 12 mil militares entre janeiro de 2022 e junho de 2024. Ele alerta que o número pode diminuir ainda mais, com uma previsão de redução de 5 mil até 2025, alcançando o menor nível em sete anos.

O Centro Orçamentário do Yuan Legislativo, uma instituição taiwanesa vinculada ao Yuan Legislativo, que é o parlamento unicameral do país, também aponta que as forças armadas estão operando com um déficit médio de 20% em relação às suas necessidades de pessoal.

Razões para o baixo efetivo

Entre os principais motivos para a redução do efetivo, está a baixa taxa de natalidade em Taiwan – atualmente a segunda mais baixa da Ásia –, que limita a quantidade de jovens aptos a ingressar no serviço militar. Além disso, a forte concorrência do setor privado e os salários pouco atrativos tornam o serviço menos interessante para os jovens.

“Nós enfrentamos muitos desafios, incluindo a dificuldade de competir com o mercado de trabalho civil em termos de remuneração e benefícios”, afirmou o almirante aposentado Richard Chen Yeong-kang, que também é legislador pelo partido Kuomintang.

Se aprovada, a legião estrangeira pode oferecer um reforço estratégico significativo para a defesa de Taiwan. Atualmente, a ilha abriga quase 1 milhão de residentes estrangeiros, que poderiam se tornar potenciais recrutas.

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