Uniformes da seleção da Coreia do Norte produzidos na China podem violar sanções

Objetivo é vetar a exportação de produtos que ajudem a financiar os programas nuclear e militar do regime de Kim Jong-un

A equipe de futebol da Coreia do Norte começou a terceira fase das eliminatórias asiáticas para a Copa do Mundo de 2026 nesta quinta-feira (5). Nesse contexto, especialistas informaram que seus uniformes, fabricados na China, podem estar envolvidos em uma possível violação de sanções. As informações são da rede Radio Free Asia.

Na semana passada, a empresa chinesa de artigos esportivos Inlang Sports anunciou nas redes sociais que a seleção da Coreia do Norte usaria, pela primeira vez, uniformes com seu logotipo no jogo contra o Uzbequistão, que ocorreu em Tashkent, com vitória dos donos da casa.

Seleção norte-coreana em 2015 (Foto: WikiCommons)

Em janeiro, a Inlang Sports anunciou que patrocinaria as seleções de futebol masculina e feminina da Coreia do Norte e forneceria seus uniformes. No entanto, esse acordo pode ter violando sanções internacionais que têm como objetivo impedir que Pyongyang obtenha dinheiro e recursos que possam ser usados em seus programas nucleares e de mísseis.

Aaron Arnold, pesquisador do Royal United Services Institute, afirmou à RFA que transferências de dinheiro e joint ventures provavelmente violariam as sanções. Ele também sugeriu que, embora se possa argumentar que os uniformes entram na categoria de bens de luxo proibidos, essa interpretação pode ser “exagerada”.

A Resolução 2270 do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) classifica equipamentos esportivos como “bens de luxo”. No entanto, Alastair Morgan, ex-embaixador do Reino Unido na Coreia do Norte, explicou à RFA que os uniformes esportivos não necessariamente se enquadram nessa categoria.

Morgan afirmou que a China poderia alegar que um acordo de patrocínio não implica necessariamente o fornecimento de bens e que itens de vestuário, como uniformes, podem não ser considerados “equipamentos esportivos recreativos”. No entanto, ele destacou que, dependendo das transações financeiras e se a entidade norte-coreana envolvida está sob sanções, outras violações podem ocorrer.

O patrocínio da equipe pela Inlang permite, por exemplo, que os uniformes da Coreia do Norte sejam vendidos internacionalmente, rendendo dividendos ao regime comunistas.

Não é a primeira vez que o futebol norte-coreano gera preocupações com sanções. Em uma partida das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022 em Pyongyang, em 2019, a Coreia do Sul orientou seus jogadores a não trocarem uniformes após o jogo justamente para evitarem a violação de sanções.

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