Violência no Paquistão: igrejas são atacadas em meio a acusações de blasfêmia

Uma multidão de centenas de pessoas, munida de paus e pedras, atacou igrejas em Jaranwala após alegações de profanação do Alcorão

Uma multidão enfurecida destruiu de diversas igrejas e dezenas de residências em uma região majoritariamente cristã na cidade de Jaranwala, no Paquistão, nesta quarta-feira (16). O motivo do caos social seria uma resposta a um episódio de desrespeito ao livro sagrado dos muçulmanos. As informações são de rede Deutsche Welle.

As autoridades relataram que o incidente foi instigado por um grupo de extremistas religiosos muçulmanos, que acusou uma família cristã local de profanar o Alcorão, o que levou à eclosão da violência e dos ataques. A polêmica começou quando páginas rasgadas da obra foram encontradas perto da residência onde vivem os acusados e levadas ao conhecimento de uma liderança religiosa local.

Vídeos amplamente compartilhados nas redes sociais mostram uma multidão formada por centenas de pessoas, armadas com paus e pedras, atacando a Igreja do Exército da Salvação e a Igreja Católica de São Paulo, incendiando-as. Ao mesmo tempo, outro grupo coordenava ataques a residências, causando incêndios e danificando janelas.

O inspetor da polícia da província de Punjab, Mohammed Naved, relatou à agência Al Jazeera que medidas rigorosas estão sendo tomadas para conter a situação caótica em Jaranwala, localizada a 115 quilômetros de Lahore, a capital da província.

“Estamos implementando todas as medidas legais necessárias diante dessa situação delicada”, disse a autoridade.

O líder cristão Akmal Bhatti relatou que a multidão incendiou pelo menos cinco igrejas e saqueou casas abandonadas, após clérigos incitarem ação por meio de anúncios em mesquitas.

Violência no Paquistão ocorreu em região majoritariamente cristã (Foto: Twitter/Captura de tela)

Usman Anwar, chefe da polícia provincial, informou à mídia local online Dawn que a área foi isolada pelas forças policiais, enquanto tentavam negociar com a multidão. A polícia também está registrando casos contra aqueles que profanaram o Alcorão.

O bispo paquistanês Azad Marshall, da cidade vizinha Lahore, expressou profundo pesar e angústia entre padres e fiéis.

Pena capital

No Paquistão, a blasfêmia, que envolve insultos percebidos ao Islã ou figuras islâmicas, pode resultar em pena de morte. Embora ninguém tenha sido executado por isso, há registros de linchamentos por multidões furiosas contra acusados.

Muitos estão detidos sob acusações de blasfêmia, e os julgamentos frequentemente são adiados por medo de retaliações caso pareçam brandos. Organizações de direitos humanos afirmam que tais acusações são, às vezes, usadas para ajustar contas pessoais.

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