Covid-19 avança, e 19 países caminham para grave escassez de oxigênio

Aumento progressivo de contágios e falta de oxigênio medicinal ameaça colapso total nos sistemas de saúde

Um levantamento do Bureau of Investigative Journalism aponta que 19 países correm o risco de enfrentar uma grave escassez de oxigênio em breve. O aumento progressivo dos casos de Covid-19 ameaça um “colapso total” nos sistemas de saúde.

Nações como Índia, Argentina, Irã, Nepal, Filipinas, Malásia, Paquistão, Argentina, Costa Rica, Equador e África do Sul devem ser os mais afetados. Desde março, os países registraram pelo menos 20% de aumento nos contágios, enquanto iniciavam suas campanhas de vacinação.

Países asiáticos, como Laos, e africanos, incluindo Nigéria, Etiópia, Malaui e Zimbábue, também estão na zona de risco devido à imaturidade de seus sistemas de fornecimento. Para barrar a escassez, a Índia proibiu todas as exportações de oxigênio líquido e em cilindro.

Com avanço de Covid-19, 19 países caminham para grave escassez de oxigênio
Infectados com Covid-19 respiram com ajuda de oxigênio em Ghaziabad, Índia, maio de 2021 (Foto: Unicef/Amarjeet Singh)

No início de maio, o país demandava 15,5 milhões de metros cúbicos de oxigênio por dia apenas para pacientes com Covid-19 – 14 vezes mais do que precisava em março. A preocupação se espalha para vizinhos como Paquistão, Nepal, Bangladesh, Sri Lanka e Mianmar – todos dependentes do oxigênio e equipamentos produzidos pelos indianos.

Só o Nepal demanda 100 vezes mais oxigênio do que precisava em março. No Sri Lanka, o aumento de casos já forçou uma procura sete vezes maior. O Paquistão, que enfrenta a terceira onda, registrou uma necessidade 60% maior desde o início da pandemia.

Sistemas de saúde em colapso

A situação no Brasil e no Peru não serviu de alerta para o resto do mundo, seguLeith Greenslade, coordenadora da Every Breath Counts Coalition ao “The Guardian”. “Devíamos saber que a Índia repetiria o que aconteceu na América Latina. E agora olhando para a Ásia, devemos saber que isso vai acontecer em algumas das grandes cidades da África”, disse.

A consequência é um colapso nos sistemas de saúde – em especial os de países mais pobres. Conforme Greenslade, a maioria dos governos não priorizou o oxigênio como um medicamento essencial. Na Índia, por exemplo, pessoas já morrem por não recebê-lo.

Agora, países passaram a exigir que empresas de oxigênio líquido desviem o produto das indústrias e o encaminhe a hospitais. Apenas 1% da produção global de oxigênio líquido é destinada a fins medicinais. A maior parte vai para mineração e indústrias de aço, petróleo e gás.

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