Após alguns dos mais violentos bombardeios da guerra, Ucrânia registra dezenas de vítimas civis

Kiev diz que ataque russo deixou mais de 50 pessoas mortas na cidade de Poltava, seguido por uma ação igualmente mortífera em Lviv

No final de agosto, a ONU (Organização das Nações Unidas) chamou a atenção para o aumento do número de vítimas civis na guerra da Ucrânia, com mais de 200 ucranianos mortos. O cenário não mudou desde então, e os últimos dias foram particularmente violentos.

Na terça-feira (3), de acordo com a rede CBS News, Kiev relatou ao menos 50 pessoas mortas e mais de 200 feridas após um ataque aéreo contra a cidade de Poltava, no que teria sido um dos ataques mais mortíferos da Rússia desde o início do conflito, no dia 24 de fevereiro de 2022.

Dois mísseis balísticos disparados por Moscou teriam sido direcionados a uma academia militar ucraniana, mas um hospital nas imediações também foi atingido, segundo o governo local.

Hospital infantil de Okhmatdyt destruído na guerra da Ucrânia (Foto: governo da Ucrânia)

No dia seguinte, o alvo de Moscou foi Lviv, no oeste da Ucrânia. De acordo com a agência Reuters, ao menos sete civis morreram, sendo quatro pessoas da mesma família.

“No centro da Europa, a Rússia está eliminando ucranianos, famílias inteiras. Os russos estão matando nossas crianças, nosso futuro”, disse o prefeito Andriy Sadovyi através de suas redes sociais.

A ação realizada por Moscou levou inclusive as Forças Armadas da Polônia, país que integra a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) a colocar aeronaves no ar conforme os mísseis e drones russos se aproximavam de seu espaço aéreo.

“Esta foi outra noite muito tensa para todo o sistema de defesa aérea polonês devido à atividade observada de aeronaves russas de longo alcance”, disse o Comando Operacional das Forças Armadas Polonesas (DORSZ), relatou a revista Newsweek.

Um levantamento feito recentemente pela rede Deutsche Welle (DW) endossou a alegação da ONU e a denúncia de Kiev. Mais de cem ataques realizados por Moscou foram analisados, e a constatação é a de que as forças russas têm usado drones “indiscriminadamente e sistematicamente contra civis”.

Em seu balanço mais recente, a ONU diz ter confirmado 11.662 civis mortos na guerra, embora admita que os números reais tendem a ser bem maiores, considerando os casos que não foram devidamente investigados.

“Tragicamente, esses números só aumentam, à medida que mísseis, granadas e drones continuam a atingir cidades, vilas e aldeias em toda a Ucrânia diariamente”, disse no final de agosto Miroslav Jenča, secretário-geral adjunto do Departamento de Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz da ONU.

As mortes de civis levaram o Tribunal Penal Internacional (TPI) a emitir em junho mandados de prisão contra o ex-ministro da Defesa da Rússia Sergei Shoigu e o chefe do Estado-Maior Valery Gerasimov. Eles são acusados de crimes contra a humanidade e de dirigir ataques e causar danos a civis ou objetos civis.

O governo da Ucrânia criou um site para registrar as vítimas civis e os crimes de guerra cometidos pelas forças da Rússia no conflito. No canal, Kiev relata que já foram documentados 140.518 crimes de guerra cometidos pelas tropas de Moscou. A ONU costuma endossar as estatística divulgadas pela Ucrânia, com seus boletins esporádicos apresentando dados semelhantes.

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