Grupo ligado à Al-Qaeda intensifica ataques no Mali

JNIM amplia ofensiva e capital Bamako volta a ser alvo após quase uma década

O grupo jihadista Jama’at Nusrat al-Islam wal-Muslimin (JNIM), afiliado à Al-Qaeda, realizou uma série de ataques coordenados contra alvos militares e urbanos no Mali, afirmou a publicação especializada Africa Defense Forum (ADF). Os ataques ocorreram ao amanhecer de 1º de julho e atingiram sete postos militares em diferentes regiões do país, marcando uma escalada na ofensiva do grupo extremista.

Durante os ataques, o JNIM afirmou ter assumido o controle de três quartéis do exército e destruído mais de 100 veículos. O governo do Mali respondeu dizendo ter matado 80 combatentes do grupo, mas não forneceu informações sobre baixas entre suas tropas. Cidades como Diboli, próxima à fronteira com o Senegal, e Kayes, região rica em mineração de ouro, foram duramente atingidas. Em Kayes, moradores relataram intensos tiroteios e fumaça próxima à residência do governador local.

Combatentes do Estado Islâmico na fronteira entre Mali e Níger (Foto: WikiCommons)

Segundo analistas ouvidos pela ADF e outros veículos como BBC e AFP, o JNIM estaria adotando uma nova estratégia, voltada para alvos urbanos e com maior alcance territorial. O grupo teria ameaçado bloquear as cidades de Kayes e Nioro, acusando seus habitantes de colaborar com o governo. O comandante do JNIM, Mahmoud Barry, já havia sinalizado em 2024 a mudança tática em direção às zonas urbanas.

A capital Bamako também voltou a ser alvo do grupo, com um atentado em setembro de 2024 que matou pelo menos 77 pessoas em uma escola militar e no aeroporto internacional. Esses ataques ocorreram mesmo com o apoio de mercenários russos às Forças Armadas do Mali, lideradas pelo general Assimi Goïta, que prometeu derrotar os grupos terroristas após tomar o poder em 2021.

Segundo o Índice Global de Terrorismo de 2025, o Mali ocupa o quarto lugar entre os países mais afetados pelo terrorismo, com 604 mortes em 201 ataques apenas no ano passado – a maioria atribuída ao JNIM. Desde abril deste ano, o grupo afirma ter matado quase mil pessoas no Sahel, consolidando-se como uma das principais ameaças à segurança regional.

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