O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, afirmou neste domingo (7) que o país corre o risco de ficar preso em um perigoso impasse de “sem guerra, sem paz”, semanas após o fim de uma guerra de 12 dias contra Israel, apoiado pelos Estados Unidos, que deixou mais de mil mortos em território iraniano. As informações são da Newsweek.
Durante uma reunião em Teerã com o presidente Masoud Pezeshkian e membros de seu gabinete, Khamenei destacou que um estado de indefinição prolongada pode ser tão prejudicial quanto um confronto direto. Suas declarações refletem a preocupação do regime iraniano com a possibilidade de uma nova escalada militar, apesar do cessar-fogo firmado em 24 de junho com mediação de Washington.

Conflito recente
O Irã afirma que a ofensiva lançada por Israel em 13 de junho matou 1.062 pessoas, entre elas 276 civis, e atingiu duramente seu alto comando militar e instalações nucleares. Como resposta, Teerã lançou mísseis que causaram a morte de 31 civis e um soldado fora de serviço em Israel. O acordo de cessar-fogo interrompeu os combates, mas não reduziu as tensões.
Autoridades iranianas, como Ali Larijani, recém-nomeado para um alto cargo de segurança, alertaram recentemente que o país deve manter total prontidão para novos confrontos, reforçando a percepção de que outro embate é provável.
Pressões internas e externas
Além das perdas militares, o Irã enfrenta impasses diplomáticos e dificuldades econômicas. As negociações nucleares com potências globais permanecem estagnadas, e países europeus do chamado E3, que reúne Reino Unido, França e Alemanha, seguem pressionando Teerã no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre o enriquecimento de urânio e as sanções.
Khamenei também criticou a fragilidade do setor energético nacional, marcado por refinarias obsoletas e dependência excessiva da venda de petróleo bruto para a China, muitas vezes a preços reduzidos. O país tem sofrido com apagões frequentes, que aumentam a frustração da população e expõem os efeitos da combinação entre sanções, infraestrutura precária e má gestão.
Isolamento de Israel
Em seu discurso, o líder supremo voltou a acusar Israel de crimes contra os palestinos e criticou os EUA por darem suporte a essas ações. Ele pediu que países islâmicos ampliem o isolamento de Tel Aviv, rompendo relações políticas e econômicas, e classificou Israel como “o governo mais odiado do mundo”.
Cenário incerto
Com Gaza e Teerã no centro das tensões regionais, analistas avaliam que a trégua atual permanece frágil. As declarações de Khamenei sugerem que o regime vê um novo confronto com Israel e seus aliados não apenas como possível, mas como inevitável.