Na China, filme ‘Clube da Luta’ tem seu final alterado para mostrar a vitória da polícia

Filme recebeu novo final pelas mãos dos censores chineses, que retiraram a mensagem anárquica e anticapitalista da obra

Em uma espécie de “versão do diretor” com características de censura estatal, a China alterou o final do filme ‘Clube da Luta’ (1999), substituindo a mensagem anarquista do livro adaptado para as telonas por David Fincher por uma vitória da polícia. As informações são do jornal New York Post.

O corte chinês elimina da trama a explosão dos prédios em Los Angeles, cena derradeira que sugere que o plano do personagem central Tyler Durden (um icônico papel esquizofrênico de dupla personalidade vivido por Brad Pitt e Edward Norton) para dar cabo da civilização moderna está sendo executado, logo após ele matar seu alter-ego imaginário.

Em vez de uma Los Angeles destruída pela anarquia de Tyler Durden, novo fim mostra o êxito das autoridades em conter o caos (Foto: divulgação)

Na versão exibida pela plataforma de streaming Tencent Video, o caos urbano é trocado por uma mensagem na tela que informa que as autoridades salvaram o dia em cima da hora. “A polícia rapidamente descobriu todo o plano e prendeu todos os criminosos, evitando com sucesso a explosão da bomba”.

E a fanfic governamental não para por aí. A nova versão ainda estabelece uma narrativa de que o protagonista teria sido submetido a terapia psiquiátrica após os incidentes anárquicos. “Após o julgamento, Tyler foi enviado para um asilo de lunáticos, recebendo tratamento psicológico. Ele recebeu alta do hospital em 2012”, narra a adaptação chinesa.

(Foto: reprodução)

De acordo com o jornal britânico The Guardian, as alterações de obras não têm ocorrido só no mercado cinematográfico, como também no universo dos games e TV. Tal tipo de censura tem sido cada vez mais comum no regime do país asiático.

“Sob o presidente Xi Jinping, as autoridades chinesas pressionaram para purgar a sociedade de elementos considerados insalubres, incluindo cenas de filmes, televisão e videogames”, escreveu o veículo do Reino Unido.

A Tencent não comentou a edição e não está claro se a mudança foi ordenada pelos censores do governo chinês ou decidida pelos produtores originais do filme. Isso porque Hollywood tem se esforçado para driblar a censura em Beijing, lançando versões alternativas de suas produções visando ao lucro em um mercado imenso de consumidores.

Um exemplo recente é o filme ‘Bohemian Rhapsody‘ (2019), que aborda a trajetória da banda Queen focando na vida pessoal de seu vocalista Freddie Mercury. Diversas cenas que retratavam a homossexualidade do artista foram eliminadas na versão chinesa.

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