Unicef alerta para mortes diárias de crianças em Gaza mesmo sob cessar-fogo

A Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) alertou que, em média, quase duas crianças são mortas todos os dias em Gaza, mesmo após a implementação do cessar-fogo. Segundo o porta-voz Ricardo Pires, pelo menos 67 crianças foram mortas desde 11 de outubro em incidentes relacionados ao conflito, revelando que a violência continua apesar do acordo destinado a proteger a população infantil.

Durante entrevista à imprensa em Genebra, Pires destacou que os números refletem uma realidade devastadora: por trás de cada estatística há uma vida interrompida de forma violenta. Ele descreveu cenas presenciadas pelas equipes humanitárias, incluindo crianças dormindo ao relento com membros amputados, órfãs sem apoio emocional e pequenos sobreviventes tremendo de medo em abrigos improvisados, alagados e sem condições mínimas de dignidade.

Crianças caminhando ao lado de uma mesquita destruída na Faixa de Gaza (Foto: WikiCommons)

Pires afirmou ainda ter testemunhado pessoalmente a situação durante sua visita mais recente à região, em agosto. Segundo ele, a realidade em Gaza permanece “brutalmente simples”: não existe lugar seguro para as crianças, e o mundo continua normalizando o sofrimento delas.

Mesmo com a ampliação das operações, o Unicef admite que seus esforços não são suficientes diante da gravidade da crise. A organização afirma que poderia fazer muito mais se a ajuda humanitária necessária chegasse com mais rapidez.

Com a chegada do inverno, os riscos enfrentados pelas crianças se intensificam. Sem aquecimento, sem isolamento térmico e com poucos cobertores, muitas delas já sofrem com infecções respiratórias, agravadas pela disseminação da diarreia causada por água contaminada. Segundo Pires, “os riscos são incrivelmente altos” e o frio funciona como “um multiplicador de ameaças”.

A situação é tão crítica que crianças continuam a caminhar descalças sobre escombros, mesmo com ferimentos e pouca proteção.

“Muitas já pagaram o preço mais alto; muitas ainda estão pagando, mesmo sob um cessar-fogo”, afirmou Pires, lembrando que a comunidade internacional prometeu que a guerra terminaria e que as crianças seriam protegidas. “Agora precisamos agir de acordo com essa promessa”, reforçou.

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