Francês é preso em Moscou acusado de espionar as Forças Armadas da Rússia

Paris confirma a detenção e nega relação entre o governo e acusado, que no território russo prestava serviços a uma ONG

A Rússia anunciou na quinta-feira (6) a prisão de um cidadão francês acusado “recolher informações no domínio das atividades militares” russas. O presidente francês Emmanuel Macron confirmou a detenção do indivíduo e prometeu apoio diplomático, mas afirmou que ele não mantém qualquer ligação com o governo. As informações são da rede CNN.

“De forma alguma ele estava trabalhando para a França. Agora estamos muito vigilantes, ele receberá todas as proteções consulares que se aplicam nesse caso. Quero dizer a verdade diante da lavagem cerebral que ouvimos”, disse Macron.

O Comitê de Investigação, órgão russo que cuida do caso, diz que o homem estava no país a serviço de uma ONG, o Centro Suíço para o Diálogo Humanitário, e há vários anos vinha coletando informações sobre “atividades militares e técnico-militares”. Ele não teria se registrado como “agente estrangeiro” como exige a legislação russa em relação a grupos humanitários e de defesa dos direitos civis.

Macron durante reunião com o homólogo russo Vladimir Putin (Foto: Kremlin/WikiCommons)

“Para esses fins, ele visitou repetidamente o território da Rússia, incluindo a cidade de Moscou, onde manteve reuniões com cidadãos da Federação Russa”, disse o Comitê de Investigação, segundo o qual o acusado estava na Rússia desde os conflitos separatistas em Donbass e na Crimeia em 2014.

Espionagem e desinformação

As relações entre Moscou e Paris azedaram desde o início da guerra da Ucrânia, conforme a França assume papel de liderança no apoio ocidental a Kiev. A situação piorou nas últimas semanas, após Macron afirmar que não descarta enviar seus soldados para treinar as tropas ucranianas no conflito.

Em meio à tensão crescente, os dois governos trocam acusações de espionagem, e a França denuncia operações de desinformação e propaganda supostamente realizadas por agentes a serviço do Kremlin em território francês.

No final de semana, o governo francês levantou suspeita contra a Rússia após cinco caixões terem sido colocados nas proximidades da Torre Eiffel, todos enrolados na bandeira da França e com o texto “soldados franceses na Ucrânia“.

Um húngaro, um alemão e um ucraniano foram presos acusados de realizar o ato, cujo objetivo seria mostrar que existe uma grande oposição da população local ao apoio que o país oferece à Ucrânia.

Paris suspeita de Moscou em outros dois casos parecidos, igualmente vistos como uma tentativa de manipular a opinião pública francesa por parte da inteligência russa.

Em outubro de 2023, pouco após os ataques do Hamas contra Israel, muros parisienses amanheceram com a Estrela de David pintada, referência à bandeira israelense. Em maio deste ano, um monumento em memória às vítimas do Holocausto foi pintado com mãos vermelhas, e os autores conseguiram deixar o país antes de serem detidos.

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