Uma reunião entre Rafael Mariano Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), e o ministro da Energia da Ucrânia, German Galushchenko, precisou ser interrompida por um alerta de ataque aéreo na terça-feira (3), em Kiev. A comitiva foi levada para o porão do ministério, no centro da capital, enquanto sirenes soavam. A visita teve como objetivo reforçar o apoio da agência à prevenção de um acidente nuclear durante a guerra e à recuperação da infraestrutura atômica do país.
Equipes da AIEA destacadas em duas usinas nucleares em operação — Khmelnytskyy e Rivne — também foram obrigadas a buscar abrigo diversas vezes ao longo do dia, diante de alertas de mísseis de cruzeiro e balísticos. A situação foi classificada como a mais intensa desde o fim de 2023 em termos de risco aéreo, embora nenhuma das instalações tenha sofrido danos.

Grossi se reuniu ainda com o presidente Volodymyr Zelensky e o vice-chanceler Andrii Sybiha. Além das medidas de emergência, os encontros trataram do envolvimento da AIEA na reconstrução da matriz energética da Ucrânia. O plano inclui uma nova avaliação de segurança na estrutura de confinamento de Chernobyl e o apoio técnico à construção de dois novos reatores em Khmelnytskyy.
“É evidente que os perigos para a segurança nuclear continuam muito reais e onipresentes. Minhas equipes relatam que este foi o dia mais intenso de alarmes de ataque aéreo que vivenciaram desde o final do ano passado. Mais de três anos após o início desta guerra terrível, a presença terrestre da AIEA continua essencial para ajudar a evitar a ameaça de um acidente nuclear grave”, disse Grossi.
Em Zaporizhzhya, maior usina nuclear do país, a equipe da AIEA informou que a cidade vizinha de Enerhodar, onde vivem a maioria dos funcionários da planta, sofreu apagões e cortes no fornecimento de água.
“A equipe da AIEA também foi informada de que a cidade e sua estação de bombeamento de água dependem de geradores móveis a diesel para obter energia. A usina nuclear de Zaporizhzhya permaneceu conectada à energia externa o tempo todo”, disse a agência em comunicado.