Aos 97 anos, ex-secretária de campo de concentração nazista é condenada na Alemanha

Irmgard Furchner foi acusada de fazer parte do aparato que ajudou o campo de Stutthof a funcionar durante a Segunda Guerra

A Justiça alemã condenou nesta terça-feira (20) uma mulher de 97 anos que trabalhou em um campo de concentração nazista, julgada como cúmplice do assassinato de mais de dez mil pessoas. Irmgard Furchner, apelidada de “secretária do mal” pela mídia local, auxiliava o comandante da SS (Schutzstaffel, a polícia nazista) do campo de concentração de Stutthof durante a Segunda Guerra Mundial. As informações são da agência Associated Press.

Irmgard irá cumprir pena de dois anos por ser considerada cúmplice de assassinato em 10.505 casos e cúmplice de tentativa de homicídio em outros cinco durante o período que atuou no centro de confinamento militar alemão, que ficava perto de Danzig, atualmente Gdansk, na Polônia.

Campo de concentração de Stutthof, na Polônia, em foto de 2016 (Foto: WikiCommons)

Segundo o tribunal, Irmgard “sabia e, por meio de seu trabalho como estenógrafa no escritório do comandante do campo de concentração de Stutthof, de 1º de junho de 1943 a 1º de abril de 1945, apoiou deliberadamente o fato de 10.505 prisioneiros terem sido cruelmente mortos”. A acusação inclui cumplicidade pelo transporte para o campo de extermínio de Auschwitz e pelo envio de prisioneiros em marchas da morte no final da guerra.

O julgamento chegou a ser brevemente adiado no momento em que a acusada fugiu em um táxi. Irmgard foi julgada em tribunal de menores porque ela tinha entre 18 e 19 anos quando trabalhou no campo.

A defesa de Irmgard pediu que ela fosse absolvida, argumentando que, embora estivesse claro que milhares de pessoas foram mortas em Stutthof, as evidências deixavam dúvidas se a ex-secretária da SS sabia sobre o assassinato sistemático no campo de concentração, de acordo com um comunicado emitido pelo tribunal à imprensa. 

Na Alemanha, a prova de intenção é exigida para responsabilidade criminal. Acusações de homicídio e cumplicidade em homicídio não estão sujeitas a prescrição.

Segundo Efraim Zuroff, o principal caçador de nazistas do Centro Simon Wiesenthal (em inglês Simon Wiesenthal Center), uma organização internacional de direitos humanos judaica, “o veredicto de hoje é o melhor que poderia ser alcançado, dado o fato de que ela foi julgada em um tribunal de menores”.

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