Diversas cidades ucranianas foram alvo de mísseis disparados pelas forças russas nesta segunda-feira (8), com um centro pediátrico atingido em Kiev. Autoridades relataram que ao menos 36 pessoas foram mortas nos bombardeios, segundo a agência Reuters.
Entre as vítimas estão duas pessoas que estavam no Hospital Infantil Okhmatdyt, o principal do gênero na Ucrânia e local de tratamento de câncer e transplantes de órgãos para crianças, que foi gravemente danificado durante a explosão.
O porta-voz da ONU (Organização das Nações Unidas) no país, Saviano Abreu, falou à ONU News de Kiev e destacou os impactos dos últimos ataques.
“Foi uma manhã terrível aqui na Ucrânia. Uma vez mais, infelizmente, uma onda de ataques em várias cidades aqui do país deixou um rastro terrível de destruição, de morte e de tristeza”, relatou Abreu. “O pior são as imagens terríveis, as piores que a gente viu, foi um hospital para crianças que foi atingido aqui em Kiev. Crianças que estavam recebendo tratamento ficaram no meio da rua, os médicos tentando tirar essas crianças do meio e debaixo dos escombros”.

Saviano mencionou que o país enfrenta uma crise energética severa, com cortes de energia cada vez mais prolongados. Ele enfatizou a necessidade de acabar com a guerra e destacou que as violações ao direito internacional humanitário continuam ocorrendo.
Lesia Lysytsia, médica do hospital atingido em Kiev citada pela rebe BBC, descreveu o momento do impacto do míssil como “algo de um filme”, com uma explosão intensa seguida por danos significativos, incluindo incêndios e destruição de pelo menos 70% do prédio.
Autoridades do hospital informaram à TV ucraniana que cerca de 20 crianças estavam sendo tratadas na enfermaria atingida pelo ataque.
Imagens mostraram crianças, algumas com soro intravenoso, evacuando o hospital. O prefeito de Kiev, Vitaliy Klitschko, disse que as duas vítimas fatais eram adultos, incluindo um médico, e expressou preocupação com possíveis pessoas presas nos escombros, conforme socorristas relataram.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky postou nas redes sociais que várias dezenas de mísseis atingiram edifícios e infraestrutura em várias cidades, incluindo Kiev, Dnipro, Kryvyi Rih, Sloviansk e Kramatorsk. Ele solicitou uma resposta mais vigorosa por parte do Ocidente diante do impacto que os ataques da Rússia causaram novamente à população, ao território e às crianças da Ucrânia.
O Kremlin negou responsabilidade pelo ataque ao hospital, sugerindo que foi atingido por fragmentos de um míssil de defesa aérea ucraniano, enquanto a Ucrânia afirmou ter encontrado destroços de um míssil de cruzeiro russo no local.
Vítimas do conflito
Segundo o relatório da Missão de Monitoramento de Direitos Humanos da ONU na Ucrânia, de 1º de março a 31 de maio, pelo menos 436 civis perderam a vida e outros 1.760 ficaram feridos.
Entre as vítimas, estão seis profissionais da mídia, 26 trabalhadores da saúde, cinco humanitários e 28 serviços de emergência.
O relatório também destacou que 91% das vítimas estavam em território controlado pela Ucrânia, enquanto 9% estavam em território ocupado pela Rússia.
Durante o mesmo período coberto pelo relatório, autoridades russas reportaram a morte de 91 civis e 455 feridos devido a ataques das forças armadas ucranianas, principalmente nas regiões de Belgorod, Briansk e Kursk.