Um centro de estudos alemão alertou para uma campanha de desinformação conduzida pela Rússia, cujo objetivo é impulsionar o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), desestabilizar os principais partidos políticos e fomentar inseguranças sobre a economia antes das eleições de 23 de fevereiro. O think tank CeMAS identificou centenas de postagens em alemão na rede social X, antigo Twitter, que seguem padrões da operação de desinformação Doppelgaenger, denunciada previamente por autoridades de países ocidentais. As informações são da Reuters.
Segundo o CeMAS, a campanha Doppelgaenger foi lançada em 2022, após a invasão russa à Ucrânia, e busca minar o apoio ocidental a Kiev. Ela se utiliza de links para sites falsificados que imitam portais de notícias, disseminando informações falsas para manipular a opinião pública. Em um relatório publicado em junho passado, o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha destacou que tais estratégias visam fragilizar democracias europeias. Apesar disso, Moscou nega qualquer envolvimento em operações de desinformação.

Nos últimos meses, as postagens detectadas responsabilizam o Partido Verde pelos problemas econômicos da Alemanha, atacam o chanceler Olaf Scholz por seu apoio à Ucrânia e questionam a confiabilidade dos conservadores, enquanto promovem o AfD como alternativa viável. Esses conteúdos foram amplamente compartilhados, alcançando mais de 2,8 milhões de visualizações, reforçados por redes de contas falsas.
Impacto eleitoral
O relatório do CeMAS surge em um momento crucial, com as eleições marcadas para fevereiro. Pesquisas recentes apontam que o AfD está em segundo lugar nas intenções de voto, com 21%, o dobro do percentual registrado em 2021. O partido conservador lidera com 29%, seguido pelos sociais-democratas de Scholz (16%) e pelos Verdes (13%). O fortalecimento do AfD pode dificultar a formação de coalizões e complicar a governabilidade caso o partido conquiste uma posição de bloqueio no parlamento.
Em novembro, a agência de inteligência alemã (BfV) anunciou a criação de uma força-tarefa para prevenir interferências estrangeiras nas eleições. O país, que é o segundo maior apoiador da Ucrânia, tem enfrentado uma postura cada vez mais agressiva da Rússia, especialmente no contexto da guerra. “As tentativas de influência externa representam uma ameaça significativa à soberania democrática”, declarou a agência.
Elon Musk e o apoio ao AfD
O dono da plataforma X, Elon Musk, gerou polêmica ao demonstrar apoio ao AfD em dezembro. Recentemente, ele promoveu um bate-papo ao vivo com a candidata à chanceler do partido, Alice Weidel, aumentando a visibilidade da legenda. Esse apoio explícito preocupa analistas, que veem a combinação de desinformação e influência de grandes plataformas como um fator desestabilizador.