Com norte-coreanos na Rússia, Otan admite flexibilizar regras e aumentar o poder de fogo da Ucrânia

EUA prometem não impor novos vetos ao uso de suas armas, e aliados cobram mais liberdade para Kiev usar arsenal ocidental

O veto imposto pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) ao uso de suas armas para ataques de longa distância ao território russo é uma barreira com a qual a Ucrânia vem tendo dificuldade para lidar durante a guerra. Mas o cenário está prestes a mudar, conforme a aliança admite flexibilizar as regras após a Rússia receber o reforço de soldados da Coreia do Norte.

Na segunda-feira (28), o governo norte-americano, que se mantém firme nas restrições impostas a Kiev, disse que novas barreiras não serão impostas caso os norte-coreanos entrem no campo de batalhas, de acordo com a agência Reuters. O Pentágono estima que dez mil homens foram enviados por Pyongyang para treinar na Rússia à espera de uma oportunidade para lutar.

“Uma parte desses soldados já se aproximou da Ucrânia, e estamos cada vez mais preocupados que a Rússia pretenda usar esses soldados em combate ou para apoiar operações de combate contra forças ucranianas na região russa de Kursk, perto da fronteira com a Ucrânia”, disse a porta-voz do Pentágono Sabrina Singh.

Soldado ucraniano com a bandeira do país às costas (Foto: x.com/DefenceU//divulgação)

Não está claro, entretanto, se a decisão do Departamento de Defesa norte-americano prevê a suspensão das restrições em curso, uma antiga reivindicação ucraniana. E o assunto voltou à tona por meio do ministro das Relações Exteriores Andrii Sybiha, que falou na rede social X: “A conclusão: escute a Ucrânia. A solução: suspenda as restrições aos nossos ataques de longo alcance contra a Rússia agora”, disse.

Quem parece concordar com Sybiha é a Lituânia, membro da Otan e um dos mais firmes defensores das reivindicações de Kiev durante a guerra. “As tropas norte-coreanas estão ajudando a Rússia em sua guerra contra a Ucrânia. A OTAN deve responder dando à Ucrânia tudo o que ela precisa para vencer: mísseis de longo alcance, permissão para atacar alvos militares na Rússia e o aumento da ajuda militar”, escreveu o presidente Gitanas Nausėda também no X. “A hesitação leva à escalada, não o contrário.”

Sem tocar no assunto dos vetos impostos pela aliança, o chefe da Otan, Mark Rutte, concordou que a presença dos norte-coreanos deve ser tratada com a máxima seriedade. “Isso é: uma escalada significativa no envolvimento da RPDC (República Popular democrática da Coreia, nome oficial da Coreia do Norte), mais uma violação das resoluções da ONU e uma expansão perigosa da guerra da Rússia”, declarou ele.

Quem também usou as redes sociais para se manifestar foi o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Usou um tom pouco direto, mas a mensagem ficou clara. “Em tempo de guerra, cada decisão tomada por um país parceiro daquele que está sob ataque é, antes de tudo, uma decisão sobre o momento”, disse ele. “O momento de quanto tempo a guerra vai durar. Quanto tempo a injustiça vai durar. Quanto tempo não haverá paz verdadeira e duradoura.”

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