A visita do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky a Berlim, nesta quarta-feira (29), ocorre em meio a uma crise política provocada por declarações do chanceler alemão Friedrich Merz sobre o possível envio de mísseis Taurus à Ucrânia. Os armamentos, com alcance superior a 500 quilômetros, permitiriam a Kiev atacar alvos em território russo, o que levou aliados do líder a manifestarem contrariedade. As informações são do site Politico.
Na segunda-feira (27), Merz afirmou que os aliados ocidentais “não impõem mais limitações de alcance para as armas entregues à Ucrânia. Nem os britânicos, nem os franceses, nem nós. Nem os americanos também”. A fala foi interpretada como sinal verde para o envio dos mísseis Taurus, algo que o governo anterior havia evitado por receio de escalar o conflito com uma potência nuclear.

A repercussão negativa levou Merz a se retratar no dia seguinte. Ele declarou que estava apenas descrevendo uma prática já adotada por outros países: “Algo que vem acontecendo há meses, ou seja, que a Ucrânia tem o direito de usar as armas recebidas, inclusive além de suas fronteiras, contra alvos militares em território russo”.
A confusão gerou críticas dentro da própria União Democrata-Cristã (CDU), partido liderado por Merz. “Não há sinais de que a Alemanha vá finalmente entregar os mísseis Taurus, porque ainda não vejo unidade na coalizão nem vontade política de responder de forma adequada e consistente à enorme escalada da Rússia”, escreveu o deputado conservador Roderich Kiesewetter na rede social X, antigo Twitter. “Essas declarações não ajudam em nada, pois apenas evidenciam a fraqueza da Europa diante da Rússia.”
Die Weitreichenbegrenzungs-Diskussion wurde Ende letztes Jahr durch die relevanten Staaten FR, UK, USA beendet, die nämlich weitreichende Systeme wie StormShadow, Scalp, ATACMS geliefert haben. Im Gegensatz zu Deutschland, das faktisch nicht relevant ist, denn wir liefern bislang…
— Roderich Kiesewetter🇪🇺🇩🇪🇮🇱🇺🇦 (@RKiesewetter) May 27, 2025
Kiesewetter, entretanto, se posicionou a favor da entrega dos mísseis. “Os Taurus poderiam oferecer alívio, ao menos em parte, e assim proteger a população civil na Ucrânia, se fornecido em número suficiente. Uma resposta massiva contra a Rússia é necessária agora para manter a credibilidade”, disse.
A hesitação da Alemanha contrasta com as decisões de EUA, França e Reino Unido, que já forneceram mísseis de longo alcance e autorizaram o uso em território russo. O ministro das Finanças alemão, Lars Klingbeil, do Partido Social-Democrata (SPD), afirmou que “não há nenhum novo acordo que vá além do que o governo anterior já havia estabelecido”, mantendo a posição cautelosa do governo alemão, que vem desde o mandato de Olaf Scholz.