Em busca de votos, Vladimir Putin confirma bônus para policiais e militares

Beneficiários são sobretudo bombeiros, oficiais de polícia, promotores de Justiça e militares, segundo decreto do Kremlin

O presidente Vladimir Putin confirmou na terça-feira (31) o pagamento de um bônus de 15 mil rublos (R$ 1,06 mil) a diversas categorias profissionais. A decisão surge a menos de um mês das eleições parlamentares, e a oposição encara a decisão como uma ação desesperada a fim de arrecadar votos para o partido aliado Rússia Unida. As informações são da agência Reuters.

Os beneficiários do bônus serão sobretudo bombeiros, oficiais de polícia, promotores de Justiça e militares, segundo um decreto divulgado pelo Kremlin. Segundo o documento, o objetivo do pagamento é oferecer proteção social às categorias

Vladimir Putin fala no congresso do partido Rússia Unida em 2017 (Foto: Wikimedia Commons)

Recentemente, os pensionistas russos receberam um bônus semelhante, no valor de 10 mil rublos (R$ 709). Nesse caso, o pagamento foi justificado como uma forma de compensar a inflação de 6,5%, acima dos 4% projetados pelo Banco Central russo. Antes, no congresso do partido, em junho, o presidente havia prometido investimentos maiores em projetos de infraestrutura, educação e saúde.

Para a oposição, a iniciativa tem como objetivo comprar votos em meio à perda de prestígio do partido governista. “Esta é uma tentativa do presidente Putin de salvar de alguma forma o índice de queda do Rússia Unida, de corrigir sua imagem negativa, que se desenvolveu por causa do trabalho da Duma (Parlamento) estatal nos últimos anos após o aumento da idade de aposentadoria”, disse Aleksandr Gnezdilov, membro do partido liberal Yabloko, à Radio Free Europe.

Embora não seja membro do Rússia Unida, Putin tem nele o mais forte aliado no governo, pois o partido habitualmente aprova os projetos do mandatário. E, com 336 dos 450 lugares disponíveis na Câmara, uma vitória da sigla no pleito parlamentar que ocorre entre 17 e 19 de setembro é fundamental para sustentar o governo.

Por que isso importa?

Duas pesquisas recentes mostram que o partido tem apoio de não mais do que 30% dos entrevistados. É a mais baixa taxa de aprovação desde 2006, muito graças à reforma previdenciária que aumentou as idades de aposentadoria no país. Também pesa a manobra política que deu ao presidente a possibilidade de estender seu mandato até 2036.

E o agrado a pensionistas e militares se justifica também nos números. Somados, os dois grupos representam cerca de 40% do eleitorado, uma fatia crucial para manter o controle da Câmara. E sustentar o governo Putin.

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