A Justiça da Suécia condenou a três anos de prisão um engenheiro civil acusado de espionagem industrial a favor da Rússia. Kristian Dimitrievski trabalhou como consultor de tecnologia para duas gigantes da indústria automobilística sueca, a Scania e a Volvo, entre 2016 e 2019. Ele teria vendido à Rússia informações relacionadas a processos de montagem das duas empresas, segundo a rede Euronews.
Dimitrievski foi detido pelas autoridades suecas em fevereiro de 2019, enquanto jantava em um restaurante no centro de Estocolmo na companhia de um diplomata russo, que estava a serviço da inteligência de Moscou e era encarregado de receber as informações roubadas.
De acordo com a acusação, o réu agiu transferindo ilegalmente material de seu computador de trabalho para um computador de uso particular e, posteriormente, para dispositivos de armazenamento de dados.
Para evitar que a ação ilícita fosse registrada pela equipe de TI (tecnologia de informação) das empresas, Dimitrievski ainda fotografou informações diretamente da tela de seu computador de trabalho.
A corte descreve as ações de Dimitrievski como “sistemáticas e já vinham ocorrendo por um período de tempo considerável”. Diz ainda que ele estava “plenamente ciente de que as informações que entregou beneficiariam a Rússia”.
Na sentença, o tribunal destaca que “a divulgação de informações de uma das operações a uma potência estrangeira pode ser prejudicial à segurança da Suécia”.
O diplomata também foi preso, mas libertado após um curto período de detenção devido à prerrogativa de imunidade de seu cargo.
Por que isso importa?
A prisão de Dimitrievski gerou uma disputa diplomática entre os dois países, com a Suécia posteriormente negando vistos a dois enviados russos. Em retaliação, a Rússia expulsou dois diplomatas suecos.
No momento em que foi preso, o consultor havia acabado de receber 27,8 mil coroas suecas (cerca de R$ 17,6 mil) pelos serviços prestados a Moscou, disse o promotor Mats Ljungqvist em fevereiro.
“As ameaças à segurança da Suécia aumentaram e continuam aqui e agora”, disse Daniel Stenling, chefe de contraespionagem do Serviço de Segurança Sueco. “Nossa avaliação é que eles continuarão aumentando nos próximos anos”.
Em seu último relatório anual publicado em 2020, a Inteligência sueca disse que Rússia e China são as nações que representam a maior ameaça de inteligência ao país escandinavo.
“Esses países são caracterizados por atividades tradicionais de espionagem, recrutando e operando agentes para obter informações secretas, mas também, por exemplo, espionagem cibernética para roubar informações”, afirmou Stenling.