Os Estados Unidos calculam que mais de 12 mil soldados norte-coreanos estão lutando ao lado das forças da Rússia contra a Ucrânia, segundo a embaixadora adjunta do país na ONU (Organização do Tratado do Atlântico Norte) Dorothy Camille Shea. Ela disse na quarta-feira (8), ao Conselho de Segurança, que a presença das tropas traz benefícios significativos para Pyongyang, que estaria adquirindo equipamentos, tecnologia e experiência militar que a tornariam mais apta a ameaçar seus vizinhos e rivais. As informações são da agência Reuters.
“A República Popular Democrática da Coreia está se beneficiando significativamente ao receber equipamento militar, tecnologia e experiência da Rússia, o que a torna mais capaz de travar guerras contra seus vizinhos”, afirmou Shea no encontro.
Ela também alertou que Pyongyang pode usar esses avanços para expandir a venda de armas e contratos de treinamento militar em nível global. Desde o início da invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022, as relações diplomáticas e militares entre Rússia e Coreia do Norte têm se estreitado.
A aproximação diplomática e militar entre Rússia e Coreia do Norte se intensificou desde que Moscou iniciou sua invasão à Ucrânia em fevereiro de 2022. Apesar de sanções da ONU, a colaboração parece crescer, com Pyongyang justificando testes de mísseis como parte de sua defesa nacional.
Em resposta às críticas, o embaixador norte-coreano na ONU, Kim Song, acusou os Estados Unidos de adotarem uma postura de “duplo padrão” e comparou a atitude americana diante das ações de Israel em Gaza com as críticas à Coreia do Norte.
“Quando o número de civis mortos ultrapassou 45 mil em Gaza, os Estados Unidos embelezaram a atrocidade como direito à autodefesa… enquanto criticam o legítimo exercício desse mesmo direito pela RPDC”, disse Kim.
Por outro lado, o embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, rejeitou as acusações dos EUA como “conjecturas infundadas” e defendeu a cooperação entre Moscou e Pyongyang, classificando-a como legítima. Ele também parabenizou o líder norte-coreano Kim Jong-un por seu aniversário, celebrado na quarta.
Por sua vez, o embaixador da Coreia do Sul na ONU, Joonkook Hwang, foi contundente ao criticar o regime norte-coreano, afirmando que seus soldados são “essencialmente escravos de Kim Jong-un, doutrinados para sacrificar suas vidas em campos de batalha distantes, a fim de arrecadar fundos para seu regime e garantir tecnologia militar avançada da Rússia”.
Desde 2006, a Coreia do Norte está sob sanções da ONU destinadas a conter o desenvolvimento de armas nucleares e mísseis balísticos. No entanto, com o poder de veto da Rússia no Conselho de Segurança, é improvável que novas medidas sejam adotadas contra Pyongyang.