Os partidos governistas da Alemanha chegaram a um novo acordo para reformular o serviço militar, após o fracasso de uma proposta anterior no mês passado. O entendimento entre conservadores e sociais-democratas prevê um modelo híbrido que combina registro obrigatório, incentivos para voluntários e medidas compulsórias limitadas, representando um dos debates mais sensíveis da política de defesa alemã. As informações são do Politico.
O novo acordo foi concluído na noite de quarta-feira (12) por líderes da União Democrata Cristã (centro-direita) e do Partido Social-Democrata (centro-esquerda). A proposta anterior havia sido bloqueada pelo ministro da Defesa, Boris Pistorius, que se opôs ao uso de sorteios automáticos para preencher as vagas no Exército, o que gerou forte resistência política.
A nova versão do plano, divulgada nesta quinta-feira (13), adota uma abordagem mais moderada. Ela estabelece o registro obrigatório de todos os jovens de 18 anos e a triagem médica para os homens, mas condiciona qualquer avanço rumo ao serviço militar obrigatório a uma votação específica no Parlamento, um mecanismo de “serviço militar por necessidade”.
Com o novo sistema, todos os homens de 18 anos deverão preencher um questionário sobre sua aptidão física e disposição para servir. Além disso, os exames médicos obrigatórios serão restabelecidos a partir da geração nascida em 2008, permitindo ao governo identificar previamente quem poderia ser convocado, se o Parlamento considerar necessário.
Em vez de convocações automáticas quando houver falta de voluntários, o novo modelo prevê que o serviço militar obrigatório só será ativado mediante decisão parlamentar. Nesse caso, a Bundeswehr (Forças Armadas da Alemanha) recrutará apenas o número necessário de conscritos, utilizando sorteios apenas como último recurso.
Para fortalecer o caráter voluntário, o governo criou novos incentivos: um salário mensal de 2.600 euros (cerca de R$ 15,9 mil), subsídio para obtenção da carteira de motorista e um novo estatuto para voluntários de longa duração. A meta é aumentar o efetivo das tropas para entre 255 mil e 270 mil soldados ativos, além de cerca de 200 mil reservistas, números alinhados aos compromissos da Alemanha com a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Atualmente, o país possui cerca de 182 mil militares.
O projeto de lei deve ser apresentado ao Parlamento ainda neste ano. Se aprovado, marcará o retorno gradual do serviço militar a um país que suspendeu a obrigatoriedade em 2011, mas que hoje enfrenta desafios de segurança e escassez de pessoal em suas forças armadas.