Dois anos após aderir à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em resposta à invasão da Ucrânia, a Finlândia intensificou medidas de defesa em sua fronteira de mais de 1,3 mil quilômetros com a Rússia, a maior entre um país da aliança militar e Moscou. O reforço inclui treinamentos militares, fechamento de postos fronteiriços, construção de uma cerca metálica de 4,5 metros de altura e a instalação de um novo comando aliado em solo finlandês. As informações são da agência Reuters.
A fronteira, antes marcada apenas por estacas ou pequenas cercas para conter animais domésticos, agora passa por um processo de restruturação, com o retorno de limites físicos e vigilância intensa. Segundo Samuel Siljanen, chefe de operações da Guarda de Fronteira da Finlândia, “saímos de uma era de fim das fronteiras para uma de reforço das fronteiras”.

Desde o fim de 2023, Helsinque fechou a maior parte de seus postos fronteiriços com a Rússia, acusando Moscou de “usar a migração como arma”. A decisão interrompeu o fluxo anual de até 13 milhões de cruzamentos na região e afetou diretamente o comércio local. De acordo com o conselho regional, a perda de turistas russos e de transações comerciais causou um prejuízo anual estimado em 300 milhões de euros. O desemprego nas regiões afetadas chegou a 15% no fim do ano passado.
No campo militar, a Finlândia tem investido na formação de novos reservistas. Mais de 50 mil cidadãos participam atualmente de clubes militares voluntários, um aumento de 30% em relação ao período anterior à guerra na Ucrânia. O país pretende elevar o número total de reservistas para um milhão até 2031, com o limite de idade estendido para 65 anos. A nação de 5,8 milhões de habitantes também iniciou a compra de 64 caças F-35 dos EUA para modernizar sua frota.
Com as tensões aumentando, imagens de satélite analisadas por fontes militares mostram movimentações russas em bases da era soviética próximas à fronteira finlandesa. O governo finlandês avalia que as ações ainda são limitadas, mas mantém vigilância. O presidente Alexander Stubb afirmou que “algum nível de reforço militar do lado russo é esperado”, embora minimize riscos imediatos.
Além das ações no solo, a Otan instalará um novo quartel-general no município de Mikkeli, a cerca de duas horas da fronteira. Segundo o brigadeiro Chris Gent, do Comando Terrestre da Otan, “no caso de um conflito, este comando atuaria lado a lado com as forças da Otan em uma função de comando e controle”. A unidade reunirá cerca de 50 oficiais de países como Estados Unidos, Reino Unido e Finlândia.