O Reino Unido precisa estar pronto para uma eventual guerra no prazo máximo de três anos. Esta é a avaliação do general Sir Roland Walker, novo comandante do Exército britânico, segundo quem o mundo está “cada vez mais volátil”. As informações são da rede BBC.
Apesar da urgência, o militar diz que há “tempo suficiente” para o governo desenvolver suas forças de defesa até um eventual conflito. O objetivo, avalia, é dobrar o poder de combate até 2027 e triplicá-lo no triênio subsequente, até o final da década.
O principal motivo de preocupação destacado por Walker é a Rússia, que invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 e desde então tem feito ameaças frequentes ao Ocidente devido ao apoio da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e seus aliados a Kiev.

“Não importa como isso acabe, acho que a Rússia sairá disso provavelmente mais fraca objetivamente, ou absolutamente. Mas ainda muito, muito perigosa e querendo alguma forma de retribuição pelo que fizemos para ajudar a Ucrânia”, disse ele.
Apesar da projeção pessimista, o general, que na terça-feira (23) fez seu primeiro discurso após assumir o comando do Exército, diz que a guerra pode ser evitada. E que a dissuasão é a melhor forma de manter a paz.
Embora tenha colocado Moscou como maior ameaça, não é a única. Ele afirmou que os aliados ocidentais enfrentam, na verdade, um “eixo de revolta” que tem a China como outra protagonista, enquanto o Irã pode ver seu poder de fogo aumentar dramaticamente caso consiga produzir armas nucleares.
As três nações estabeleceram um “relacionamento transacional mútuo”, e a ameaça representada por eles tende a crescer bastante nos três anos seguintes, o que explica o prazo dado pelo general para ampliação do poder de combate britânico.
Atualmente, o Reino Unido tem cerca de 75 mil combatentes ativos no Exército, no que Walker chamou de uma força de “médio porte”. Somam-se a eles aproximadamente 30 mil integrantes da Marinha e outros 32 mil da Força Aérea, totalizando por volta de 140 mil combatentes.
Na comparação com seus principais rivais, o contingente britânico é reduzido. Dados publicados no site da CIA (Agência Central de Inteligência, na sigla em inglês), dos EUA, estimam que a China tem cerca de dois milhões de combatentes ativos, maior força global, acima inclusive dos norte-americanos, que têm 1,31 milhão. Já a Rússia tinha, antes da guerra da Ucrânia, por volta de 900 mil.
Para o novo comandante do Exército, a melhor forma de compensar tal desvantagem é investir em novas tecnologias, como inteligência artificial (IA), e em poder de fogo, lição aprendida com a guerra da Ucrânia. Atualmente, o Reino Unido gasta 2,3% de seu PIB (produto interno bruto) com defesa, acima da meta de 2% estabelecida pela Otan. O objetivo é aumentar para 2,5%, mas não há um prazo para tal.