Líderes europeus discutem envio de tropas para a Ucrânia em potencial acordo de paz

Keir Starmer e Emmanuel Macron consideram enviar tropas para a Ucrânia como força de paz, caso um acordo com a Rússia seja alcançado. A proposta enfrenta desafios financeiros e riscos de escalada

Em meio à busca por soluções para encerrar o conflito entre Ucrânia e Rússia, líderes europeus, incluindo o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, e Emmanuel Macron, presidente da França, estão avaliando a possibilidade de enviar tropas para atuar como uma força de manutenção da paz. A ideia tem ganhado atenção após discussões que incluem também o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e outros líderes europeus. As informações são do The Telegraph.

A proposta envolveria o envio de soldados britânicos e franceses para garantir os termos de um eventual acordo de paz. Emmanuel Macron é um dos principais defensores da ideia, já tendo tratado do assunto com Zelensky e o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk. No entanto, enquanto os detalhes dessas conversas são mantidos em sigilo, fontes do governo britânico destacaram que Keir ainda não assumiu um compromisso definitivo.

“Há desafios sobre o que podemos apoiar e os riscos de escalada associados a essa decisão”, afirmou uma fonte do governo do Reino Unido ao jornal britânico. A questão também esbarra na oposição histórica do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, à presença de tropas norte-americanas em conflitos estrangeiros, o que reforça a necessidade de protagonismo europeu.

(Foto: WikiCommons)
Zona desmilitarizada

Uma das propostas em discussão é a criação de uma zona de amortecimento desmilitarizada ao longo de 800 milhas na fronteira entre Ucrânia e Rússia, guarnecida por tropas ocidentais. Macron tem argumentado que países aliados da Europa poderiam liderar esse esforço, mas há resistência em algumas nações. Em dezembro, Tusk minimizou a possibilidade de envolvimento polonês, enquanto conversas entre Macron e Zelensky continuam a explorar caminhos práticos para a implementação da proposta.

A posição do Reino Unido

Apesar do apoio declarado à soberania da Ucrânia, o Reino Unido tem mantido uma postura cautelosa quanto ao envio de tropas. Autoridades destacam que qualquer mobilização representaria um esforço significativo para o orçamento do Ministério da Defesa, que já enfrenta cortes financeiros. Keir, porém, anunciou planos de aumentar os gastos com defesa para 2,5% do PIB até 2030, embora o cumprimento dessa meta dependa de condições econômicas futuras.

O envolvimento militar ocidental também pode ser percebido como uma escalada pela Rússia, uma preocupação recorrente desde o início da invasão em 2022. Além disso, como a Ucrânia não é membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), não há obrigação de defesa coletiva pelos aliados ocidentais, embora muitos defendam sua futura adesão à aliança.

Próximos passos

O tema ganha ainda mais relevância com a iminente posse de Trump, que tem pressionado a Ucrânia a buscar um acordo de paz com a Rússia. Enquanto isso, Keir planeja visitar a Ucrânia no início do ano, num gesto simbólico de apoio a Zelensky. Essa visita ocorre em um momento em que líderes europeus trabalham para garantir que a Ucrânia tenha os recursos necessários para continuar defendendo sua soberania.

Resta saber se as negociações levarão à implementação de uma força de manutenção da paz e como a comunidade internacional reagirá a essa ideia. O certo é que a Europa busca formas de consolidar seu papel no apoio à Ucrânia, mesmo em um contexto de mudanças políticas nos Estados Unidos.

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