A Ucrânia se prepara para um novo e desafiador capítulo da guerra. Com a chegada do inverno e a intensificação dos ataques da Rússia à infraestrutura energética, milhões de ucranianos enfrentam apagões diários, frio extremo e escassez de recursos básicos. As informações são da rede BBC.
Em Kiev, a rotina de Oksana Zinkovska-Boyarska resume o drama de grande parte da população. No prédio soviético onde vive, o elevador frequentemente para, as luzes se apagam e as bombas do sistema de aquecimento deixam de funcionar.
“Não consigo descrever o medo que sinto ao correr com minha filha para o abrigo durante as explosões”, contou à reportagem.

Segundo o governo ucraniano, o país enfrenta uma campanha russa voltada para “destruir completamente o sistema energético nacional”. O diretor-executivo da DTEK, o maior grupo privado de energia da Ucrânia, Maxim Timchenko, alertou que “a intensidade dos ataques mostra que Moscou quer paralisar o país neste inverno”.
As consequências são sentidas em todo o território. Os apagões podem durar até 16 horas por dia, dificultando o funcionamento de hospitais, escolas e padarias. Diplomatas europeus afirmam que a estratégia de Moscou vai além do campo militar, o objetivo é colapsar a economia ucraniana.
Com temperaturas que podem chegar a -20°C, autoridades locais descrevem o momento como “o pior inverno da história do país”. O Escritório da ONU para Assuntos Humanitários também emitiu alerta sobre o risco de uma crise humanitária generalizada.
Apesar das dificuldades, pesquisas mostram que o moral dos ucranianos permanece alto. Segundo o Instituto Internacional de Sociologia de Kiev, 56% da população se diz otimista em relação ao futuro, um aumento de 13 pontos percentuais desde maio.
O presidente Volodymyr Zelensky afirmou que o governo “está preparado para o pior cenário” e que o país “aguenta o tempo que for necessário na frente de batalha”.
Enquanto isso, a Rússia tenta avançar sobre Pokrovsk, cidade estratégica no leste, buscando uma vitória que Vladimir Putin possa “vender” diplomaticamente.
Para os ucranianos, no entanto, resistir tornou-se uma forma de sobrevivência. “Mesmo com bombardeios diários e o frio chegando, continuamos firmes”, disse Rodion, estudante de 17 anos em Kiev. “É importante continuar vivendo. E acreditar que ainda haverá luz.”