Noruega veta venda de última terra privada em arquipélago ártico após China manifestar interesse

O Ministério do Comércio e Indústria expressou preocupação de que uma venda para atores estrangeiros, como a China, poderia afetar a estabilidade regional e os interesses da Noruega

Na segunda-feira (1º), o governo norueguês anunciou que bloqueou a venda da última porção de terra de propriedade privada no estratégico arquipélago ártico de Svalbard. A decisão foi tomada para evitar a possível aquisição por parte de atores estrangeiros, incluindo a China. As informações são do South China Morning Post.

A propriedade remota de Sore Fagerfjord, localizada no sudoeste de Svalbard, abrange 60 km² de montanhas, planícies e uma geleira, e estava sendo oferecida por 300 milhões de euros (cerca de US$ 326 milhões).

Svalbard é um arquipélago norueguês no Oceano Ártico, estrategicamente importante por sua proximidade com rotas marítimas e recursos naturais. O Tratado de Svalbard, de 1920, garante soberania norueguesa, permite exploração internacional e proíbe presença militar. A Rússia tem interesses na região, onde mantém comunidades de mineração de carvão.

Vista do porto de Longyearbyen, em Svalbard (Foto: WikiCommons)

As mudanças climáticas aumentaram a relevância geopolítica do arquipélago, que está situado na metade do caminho entre o continente norueguês e o Polo Norte, em uma região ártica que ganhou mais importância à medida que o gelo derrete e as tensões entre Moscou e o Ocidente aumentam. Com o derretimento do gelo do Ártico, novas rotas marítimas estão se abrindo, aumentando a importância geopolítica de Svalbard como ponto de acesso e controle dessas rotas.

A Noruega decidiu bloquear a venda da última propriedade privada em Svalbard para evitar que ela caia nas mãos de estrangeiros, citando preocupações com a segurança nacional. A ministra do do Comércio e Indústria, Cecilie Myrseth, indicou que a venda precisaria da aprovação do Estado devido às leis locais rigorosas.

Na semana passada, o procurador-geral Fredrik Sejersted informou à Agence France-Presse que o ministério renovou sua oferta de 20 milhões de coroas (aproximadamente US$ 1,9 milhão) pela propriedade. No entanto, a proposta foi recusada pelos proprietários, que solicitaram 300 milhões de euros, um valor significativamente maior. O vendedor da propriedade é uma empresa controlada por um norueguês de origem russa, conforme relatado pela mídia local.

Críticos questionam o preço e a viabilidade da venda da propriedade no sudoeste de Svalbard, uma área sem infraestrutura e com restrições severas, como a proibição de construção e transporte motorizado. O governo norueguês detém 99,5% de Svalbard e designou muitas áreas, incluindo Sore Fagerfjord, como protegidas, limitando suas atividades comerciais.

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