O Reino Unido, sob a liderança do novo primeiro-ministro Keir Starmer, pretende retirar a objeção apresentada ao Tribunal Penal Internacional (TPI) em razão dos mandados de prisão emitidos contra o premiê israelense Benjamin Netanyahu e outras autoridades. As informações são do jornal The New York Times.
A informação foi confirmada por duas pessoas com conhecimento da decisão, que tiveram as identidades preservadas porque não estavam autorizadas a falar. Outra medida, esta confirmada oficialmente pelo novo governo, foi a retomada do financiamento da UNRWA, a agência das Nações Unidas de auxílio à população palestina.

Em maio, o britânico Karim Khan, procurador-chefe do TPI, pediu a expedição de mandados de prisão contra Netanyahu, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, e contra três figuras da cúpula do grupo extremista Hamas. Todos são acusados de crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
No caso dos israelenses, Khan os acusa de uma série de crimes durante as operações militares das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) na Faixa de Gaza, uma resposta do Estado judeu aos ataques do Hamas de 7 de outubro.
O chefe do TPI acusa Israel de homicídio, extermínio, perseguição, de usar “a fome de civis como método de guerra” e de realizar “intencionalmente ataques contra uma população civil”. Tais ações foram documentadas a partir de 8 de outubro, quando tiveram início os ataques em Gaza, e “continuam até hoje”, segundo o comunicado.
“Meu gabinete afirma que as provas que recolhemos, incluindo entrevistas com sobreviventes e testemunhas oculares, material de vídeo, fotografia e áudio autenticado, imagens de satélite e declarações do alegado grupo perpetrador, mostram que Israel privou intencional e sistematicamente a população civil em todas as partes de Gaza de objetos indispensáveis à sobrevivência humana”, disse o tribunal na ocasião.
No texto, o TPI reconhece o direito do governo israelense de defender sua população. Diz, entretanto, que os métodos adotados ultrapassam os limites legais estabelecidos internacionalmente e se tornaram criminosos à medida que o o país passou a “causar intencionalmente morte, fome, grande sofrimento e ferimentos graves ao corpo ou à saúde da população civil.”
Inicialmente, o Reino Unido se opôs à decisão do TPI, alinhando-se com os EUA, sendo que o presidente Joe Biden classificou os mandados como “ultrajantes”. Porém, com a vitória do Partido Trabalhista nas recentes eleições e a chegada de Starmer ao poder para o lugar de Rishi Sunak, o cenário mudou.
A decisão do novo premiê, ele próprio um ex-advogado de direitos humanos, mostra que seu governo dará mais valor ao posicionamento de organismos internacionais, como o próprio TPI e a ONU (Organização das Nações Unidas), do que à aliança com Washington.