Em sua primeira semana no cargo, o novo primeiro-ministro da Groenlândia, Jens-Frederik Nielsen, enviou um recado direto ao presidente dos EUA, Donald Trump: a ilha do Ártico não está à venda e não pertence a outro país. A declaração veio após o líder norte-americano reafirmar o desejo de colocar o território sob seu controle, ainda que com uso de força militar, se necessário. As informações são da revista Newsweek.
“Devemos ouvir quando outros falam sobre nós. Mas não devemos nos abalar”, escreveu Nielsen em sua conta no Facebook. “O presidente Trump diz que os Estados Unidos estão ‘conseguindo a Groenlândia’. Deixe-me deixar isso claro: os EUA não conseguirão isso. Não pertencemos a ninguém. Decidimos nosso próprio futuro.”
A resposta do premiê veio dias antes da chegada do vice-presidente norte-americano JD Vance à ilha, em uma visita que já havia causado incômodo tanto ao governo dinamarquês quanto às autoridades locais. A Groenlândia é uma região autônoma da Dinamarca e ainda se recuperava de um impasse político desde as eleições de 11 de março, superado somente após Nielsen, líder do partido Demokraatit, formar uma nova coalizão de governo.
Trump voltou a falar sobre a Groenlândia no fim de semana. Em entrevista à NBC News, ele afirmou: “Vamos conseguir a Groenlândia. Sim, 100%.” Questionado sobre o uso de força militar, respondeu que “não tira nada da mesa”, embora veja uma “boa possibilidade” de alcançar o objetivo sem confrontos armados.
Durante visita à Base Espacial dos EUA em Pituffik, Vance disse que a Casa Branca tentará negociar um acordo. “Pensamos que vamos conseguir fechar um acordo, ao estilo Donald Trump, para garantir a segurança deste território”, declarou. Ele também criticou a Dinamarca por supostamente negligenciar os interesses da população local: “Vocês subinvestiram nas pessoas da Groenlândia e na segurança desta incrível e bela massa de terra.”
A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, reforçou a posição contrária à anexação. “Eles sabem muito bem que a Groenlândia não está à venda. Sabem muito bem que a Groenlândia não quer fazer parte dos Estados Unidos. Isso foi comunicado de forma inequívoca, tanto diretamente quanto publicamente”, afirmou em publicação nas redes sociais.