Durante uma reunião parlamentar em novembro, Anna Tsivilyova, apontada como filha do primo do presidente russo Vladimir Putin, revelou acidentalmente um dado confidencial sobre o número de solicitações feitas por familiares para identificação de soldados desaparecidos na guerra da Ucrânia. A informação foi publicada pelo canal independente Astra no Telegram. As informações são do jornal South China Morning Post.

No vídeo divulgado, Tsivilyova afirmou que o governo havia recebido “48 mil” pedidos de identificação de soldados através de amostras de DNA, durante uma reunião com legisladores. “O Ministério do Interior faz [o teste de DNA] absolutamente de graça, por conta própria, e cadastra em seu banco de dados todos os parentes que nos procuram. Já mencionei 48 mil”, diz ela no vídeo.

Momentos depois, o chefe do comitê de defesa, Andrei Kartapolov, pediu para que o número não fosse divulgado. “Anna Yevgenyevna [Tsivilyova] mencionou números aqui, incluindo o de desaparecidos. Peço encarecidamente que não utilizem esses números em lugar algum. Essa é uma informação sensível e confidencial. Quando formos redigir os documentos finais, esses números não devem ser incluídos”, afirmou.

Tsivilyova respondeu: “Não mencionei os números de desaparecidos, mas os pedidos que recebemos dos parentes”. A troca de declarações ocorreu em uma audiência no final de novembro, e, de acordo com o Astra, o evento foi transmitido ao vivo pelo site do parlamento russo.

O Ministério da Defesa da Rússia publicou imagens e vídeos que parecem ser do mesmo encontro na Duma, a câmara baixa do parlamento russo, em 26 de novembro. Entretanto, o trecho em que Tsivilyova revela os dados não está disponível nos canais oficiais.

Moscou mantém o número de soldados mortos e feridos na Ucrânia sob sigilo absoluto. Em novembro, a BBC e o site independente russo Mediazona relataram a morte de quase 80 mil soldados russos desde o início do conflito, em fevereiro de 2022, utilizando dados de fontes abertas. No entanto, ambos afirmam que o número real de mortos provavelmente é ainda maior.

O governo da Ucrânia também divulga poucas informações sobre suas baixas militares, mas estimativas independentes indicam que o número de mortos e feridos no lado ucraniano está na casa das dezenas de milhares.