Quase duas mil crianças foram mortas ou feridas na guerra da Ucrânia, diz Unicef

Conflito também cobra um alto preço na educação, com quase um milhão de menores impossibilitadas de estudar no país

Desde a invasão da Ucrânia pelas tropas da Rússia, no dia 24 de fevereiro de 2022, ao menos 1.993 crianças foram mortas ou feridas no conflito, conforme dados divulgados na segunda-feira (13) pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas Para a Infância). A média de menores atingidos no conflito em curso é superior a dois por dia.

“Como vemos em todas as guerras, as decisões e ações imprudentes dos adultos custam às crianças as suas vidas, segurança e futuro”, disse a entidade em comunicado. “Além dos assassinatos de crianças e dos danos físicos causados ​​pelos ataques, muitas crianças em toda a Ucrânia sofreram níveis de perdas e violência prejudiciais à sua saúde mental e bem-estar.”

Um playground em meio à destruição em Saltivka, subúrbio de Kharkiv (Foto: Ashley Gibertson/Unicef)

O conflito cobra ainda um alto preço na educação, com quase um milhão de crianças impossibilitadas de ter qualquer tipo de ensino escolar. Com o atual ano letivo perto do fim, quase metade de todas as crianças matriculadas não tem condições de ter aulas presenciais.

O Unicef não divulgou números precisos de mortos e feridos, mas o governo da Ucrânia tem uma estatística nesse sentido. Com dados atualizados até a semana passada, reporta 546 crianças mortas, o que deixaria o número de feridos em pouco mais de 1,4 mil, considerando as estatísticas do Unicef. Em 29 de maio, a entidade havia informado que, até ali, haviam sido mortas 25 crianças apenas em 2024.

“As crianças da Ucrânia precisam urgentemente de segurança, estabilidade, acesso a uma aprendizagem segura, serviços de proteção infantil e apoio psicossocial”, diz o Unicef. “Mais que tudo, as crianças da Ucrânia precisam de paz.”

Atualmente, um foco de preocupação da ONU é a região de Kharkiv, palco de uma ofensiva russa que tem encontrado pouca resistência ucraniana. A entidade informou na segunda que somente neste dia foram evacuadas de lá seis mil pessoas. Em todo mês de abril, 700 civis foram mortos ou feridos pelos combates.

Crianças abduzidas

As crianças ucranianas também têm sido alvo de abduções por parte do governo russo, o que inclusive levou o Tribunal Penal Internacional (TPI) a expedir um mandado de prisão contra o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Desde o início da guerra, Kiev diz ter registrado o desaparecimento de mais de 20 mil crianças e alega que foram levadas da Ucrânia para a Rússia, independentemente do consenso de familiares. No entanto, acredita que o número real pode ser até dez vezes maior.

O governo russo, por sua vez, admite ter transferido 700 mil crianças ucranianas para seu território e se vangloria da ação, que enxerga como algo benéfico aos menores e que diz se tratar de um movimento voluntário e que visa a protegê-las.

Em fevereiro, as autoridades ucranianas disseram que já haviam apurado e confirmado oficialmente 19,5 mil casos. Desses, apenas cerca de 400 crianças haviam conseguido retornar à terra natal até ali. As provas foram apresentadas ao TPI.

A deportação em massa forçada de pessoas durante um conflito é classificada pelo Direito Internacional Humanitário como um crime de guerra. A “transferência forçada de crianças”, particularmente, configura um ato genocida.

O crime se enquadra no conceito estabelecido pela Convenção de Genocídio de 1948, um tratado adotado pela Assembleia Geral da ONU após o Holocausto. Ele define como genocídio a “intenção de destruir um grupo nacional, étnico, racial ou religioso.”

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