Rebeldes russos pró-Ucrânia estariam se aproximando de depósito nuclear na Rússia

Milícias armadas realizam incursões e ataques em território russo e receberam a promessa de apoio do governo da Ucrânia

Milícias rebeldes formadas supostamente por cidadãos russos que se voltaram contra o próprio país, embora tal informação careça de confirmação independente, estão se aproximando de um depósito nuclear vazio perto da fronteira com a Ucrânia, segundo informações da revista Newsweek.

Dois grupos de oposição ao Kremlin baseados na Ucrânia, a Legião da Liberdade da Rússia e o Batalhão Siberiano, relataram que estão avançando nas regiões russas de Belgorod e Kursk. No domingo (17), o Batalhão Siberiano informou que entrou no assentamento de Gorkovsky, onde os combatentes alegam ter capturado o prédio da administração local.

Eles ordenaram a evacuação de cidades e aldeias por motivos de segurança. “As regiões de Kursk e Belgorod estão agora sob ação de combate ativa”, disse porta-voz da Inteligência de Defesa da Ucrânia, Andriy Yusov, em declaração à TV estatal.

Combatentes da Legião da Liberdade da Rússia, grupo rebelde pró-Kiev (Foto: reprodução/Telegram)

Em maio de 2023, esses mesmo grupos realizaram incursões semelhantes. O serviço de inteligência ucraniano afirmou que isso forçou as forças russas a evacuar os arsenais de munições nucleares das instalações de Belgorod-22, no distrito de Grayvoronsky.

Essa informação não foi confirmada de maneira independente, pois há dúvidas sobre se poderia ter ocorrido sem ser detectada. Enquanto isso, o canal do Telegram Rybar, que é pró-Kremlin, afirmou na época que as armas nucleares não estavam presentes no local muito antes do ataque.

No entanto, a proximidade atual das formações anti-Kremlin com o local, oficialmente denominado Unidade Militar 25624 da 12ª Diretoria Principal do exército russo, foi mencionada pela conta Intelschizo. Essa conta utiliza o X, antigo Twitter, para divulgar informações sobre a guerra na Ucrânia, utilizando mapas de satélite e inteligência de fontes abertas.

“Ataques recentes das forças russas, apoiadas pela Ucrânia, resultaram na tomada da vila de Gorkovsky, na região de Belgorod”, declarou o post. “Ambas as linhas de avanço de Kozinka e Gorkovsky estão a 16 quilômetros do depósito”, acrescentou. Procurado pela reportagem, o canal Intelschizo afirmou não ter evidências que sugerissem que os grupos estivessem se aproximando.

Por outro lado, Pavel Podvig, um analista independente baseado em Genebra que lidera o projeto de pesquisa das Forças Nucleares Russas, expressou suas dúvidas: “Duvido que eles estejam tentando chegar ao local, pois é muito fortemente vigiado pela guarnição”, afirmou à Newsweek.

Até o momento, não há evidências que indiquem que o local de armazenamento nuclear esteja sendo alvo de ataques.

Kyrylo Budanov, chefe da inteligência militar ucraniana, anunciou no sábado (16) que o país irá apoiar as milícias anti-Kremlin em suas operações dentro do território russo, considerando-as agora uma “força” em vez de um “agrupamento”.

De acordo com relatos anteriores da Newsweek, Alexei Baranovsky, voluntário da Legião da Liberdade da Rússia, expressou o objetivo das formações como sendo “marchar sobre Moscou” e buscar a “libertação da Rússia de Putin”.

Um vídeo divulgado no sábado pelo grupo rebelde armado autodenominado Corpo de Voluntários Russos (RDK), outra mílicia pró-Kiev, contradisse as declarações do Ministério da Defesa russo, que havia afirmado que a formação havia sido eliminada após a incursão da semana anterior. No vídeo, imagens borradas de soldados supostamente capturados foram mostradas, enquanto um membro do RDK convocava uma reunião com o governador de Belgorod, Vyacheslav Gladkov, para discutir o destino desses prisioneiros.

Enquanto Moscou alega que tais grupos agem a mando da inteligência ucraniana e da da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA), Kiev nega qualquer relação e afirma que eles atuam de forma independente. As ações dessas organizações são frequentes durante a guerra e costumavam ser atos de sabotagem, mas têm se diversificado cada vez mais.

A Legião Liberdade da Rússia e o Corpo de Voluntários Russos reivindicaram ataques transfronteiriços anteriores à Rússia, originados na Ucrânia.

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