Reino Unido acusa a Rússia de patrocinar campanha de hackers que durou oito anos

Segundo Londres, ação orquestrada pela inteligência russa extraía desde 2015 informações de figuras públicas britânicas

O governo britânico acusa o FSB (Serviço de Segurança Federal) da Rússia de realizar uma campanha de ataques cibernéticos contra políticos e outras figuras públicas do Reino Unido, através do qual Moscou obteve acesso a conversas de e-mails privadas. As informações são da rede BBC.

A campanha ocorreu ao menos desde 2015 e teve como alvo políticos, funcionários públicos, membros de grupos de reflexão, jornalistas e acadêmicos.

Uma das estratégias usadas pelos russos era criar contas de e-mail falsas, nas quais se faziam passar por pessoas da confiança dos alvos. Então, mantinham contato a fim de extrair dos britânicos as informações que lhes fossem interessantes.

Entre as informações roubadas estão algumas referentes à eleição de 2019 que mais tarde teriam sido divulgadas pelo governo russo, com o objetivo de tentar direcionar a opinião pública e assim interferir no pleito e em outros assuntos de interesse do Kremlin.

Atuação hacker (Foto: Reprodução/Pexels)

“A Rússia tem como alvo o processo democrático do Reino Unido”, disse uma autoridade ocidental ouvida pela BBC, cuja identidade não foi revelada. “Este grupo adquiriu uma grande quantidade de dados. Esta informação é usada para minar o Ocidente de várias maneiras”.

Apesar de a extração de dados ter funcionado, o secretário de Relações Exteriores, David Cameron, insistiu em dizer que os russos “falharam” na missão, sem se justificar. “Continuaremos a trabalhar em conjunto com os nossos aliados para expor a atividade cibernética secreta da Rússia e responsabilizar a Rússia pelas suas ações”, acrescentou.

O governo britânico alega que, após manter o caso em sigilo, resolveu fazer a revelação para expor as atividades do FSB. E acrescentou que serão impostas sanções a indivíduos acusados de ligação com os ataques, medida que deve ser acompanha pelo governo dos EUA.

“Ao sancionar os responsáveis ​​e convocar hoje o embaixador russo, estamos expondo suas tentativas malignas de influência e lançando luz sobre mais um exemplo de como a Rússia escolhe operar no cenário global”, afirmou Cameron, conforme relatou o site Politico.

Velhos conhecidos do Ocidente

De acordo com o site The Record, o grupo responsável pela ação maliciosa adota várias nomenclaturas diferentes: Callisto, Cold River, Star Blizzard, TA446 ou Seaborgium.

A Microsoft afirmou em agosto do ano passado que monitora o grupo desde 2017 e também o acusou de servir ao Kremlin. Segundo a empresa de tecnologia, trata-se de um “ator de ameaças originário da Rússia, com objetivos e vitimologia que se alinham estreitamente com os interesses do Estado russo.”

Em 2022, a Microsoft declarou ainda que a organização realizou uma campanha maliciosa contra “pessoas de interesse” e contra mais de 30 órgãos do setor de Defesa de países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), entre eles EUA e Reino Unido.

O objetivo daquela campanha era roubar informações sensíveis de Defesa e Inteligência. Para isso, foram realizados ataques do tipo phishing, que consiste no envio de e-mails falsos que, se acessados, concedem aos hackers acesso ao sistema da vítima.

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