Reino Unido anuncia suspensão parcial de exportações de armas para Israel

Governo britânico alega 'risco claro' de que esses equipamentos possam ser utilizados em violações do direito internacional

O governo britânico, liderado pelo primeiro-ministro Keir Starmer, anunciou na segunda-feira (2) a suspensão das exportações de certas armas para Israel, alegando que elas poderiam ser utilizadas em violações da lei internacional. A decisão, que tem um impacto militar discreto, visa aumentar a pressão dos aliados de Tel Aviv, que estão insatisfeitos e pedem um fim para o conflito em Gaza. As informações são da Associated Press.

O secretário de Relações Exteriores, David Lammy, anunciou que o Reino Unido suspenderá 30 das 350 licenças de exportação de armas para Israel. A medida afetará a venda de componentes para jatos de combate, helicópteros, drones e equipamentos para alvos terrestres, que poderiam ser usados no conflito em Gaza.

Lammy enfatizou que essa decisão não representa um julgamento sobre possíveis violações da lei internacional por parte de Israel e reafirmou o apoio ao direito do país de se defender. Ele também esclareceu que a suspensão não equivale a um embargo total de armas.

Secretário de Relações Exteriores britânico David Lammy em encontro com o presidente israelense Isaac Herzog em julho deste ano (Foto: Foreign, Commonwealth & Development Office/Flickr)

O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, expressou decepção nas redes sociais em relação às sanções britânicas sobre as licenças de exportação para o sistema de defesa de Israel.

O Reino Unido é um dos vários aliados de longa data de Israel que estão sob crescente pressão para suspender as exportações de armas, em resposta ao número de mortes no conflito de quase 11 meses em Gaza. O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, relata mais de 40 mil mortes palestinas, embora esses números não diferenciem militantes de civis.

Em entrevista a uma emissora de Israel repercutida pela BBC, o ministro israelense para assuntos da diáspora, Amichai Chikli, criticou a decisão do Reino Unido, destacando que foi tomada em um momento sensível, enquanto israelenses enterravam seis pessoas mortas em túneis do Hamas.

Chikli argumentou que é importante combater o terrorismo em conjunto e afirmou que a luta contra o Hamas, assim como contra o Estado Islâmico (EI) e a Al-Qaeda, faz parte de uma guerra entre a civilização ocidental e o islamismo radical. Ele também alertou que a ameaça do Hamas afeta não apenas Israel, mas também a segurança interna do Reino Unido.

A decisão tem maior peso político do que impacto militar, já que as vendas de armas do Reino Unido para Israel são pequenas, representando apenas 1% das importações de defesa do país. As empresas britânicas vendem menos armas e componentes para Israel em comparação com grandes fornecedores como os Estados Unidos e a Alemanha. No início deste ano, o governo britânico revelou que suas exportações militares para Israel totalizaram 42 milhões de libras (US$ 53 milhões) em 2022.

Apesar disso, a decisão do Reino Unido é simbolicamente significativa, já que o país é um dos aliados mais próximos de Israel.

A decisão foi tomada depois que duas organizações, a Al-Haq, um grupo palestino de direitos humanos, e a Global Legal Action Network, baseada no Reino Unido, entraram com uma ação legal para forçar o governo britânico a parar de emitir licenças de exportação de armas para Israel. Esse caso ainda não foi levado a um julgamento completo.

O debate sobre suspender a venda de armas começou ainda no governo conservador anterior, mas alcançou seu ponto máximo sob a nova administração trabalhista. O Partido Trabalhista afirmou que mantém seu compromisso com a segurança de Israel, descrevendo seu apoio como “firme” e “inabalável”.

No entanto, esta é a terceira ocasião desde que o Partido Trabalhista assumiu o governo em julho em que eles adotam uma postura diferente daquela do governo conservador anterior.

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