Rússia culpa Ucrânia pela explosão que matou filha de aliado de Putin

Darya Dugina, filha do ideólogo russo ultranacionalista Alexander Dugin, morreu no sábado nos arredores de Moscou

A Rússia responsabiliza os serviços especiais da Ucrânia pela morte de Darya Dugina, filha do filósofo ultranacionalista russo Alexander Dugin, um aliado do presidente Vladimir Putin. A jornalista, de 29 anos, morreu no sábado (20) após seu carro explodir nos arredores de Moscou. As informações são da rede BBC.

Há suspeitas de que Dugin, importante referência ideológica do nacionalismo russo e do regime Putin, seria o alvo do ataque. Autoridades ucranianas negaram qualquer envolvimento na explosão.

Porém, não é o que diz a FSB (Agência de Segurança Federal russa, da sigla em inglês). Nesta segunda-feira (22), a sucessora da KGB afirmou que apurou o caso e apontou que o assassinato de Darya foi “preparado e perpetrado pelos serviços especiais ucranianos”.

Darya Dugina em Donbass, onde teria trabalhado para propaganda do Kremlin (Foto: Twitter/reprodução)

À imprensa russa, a FSB declarou que a morte da jornalista foi executada por uma cidadã ucraniana que vivia na Rússia junto da filha desde julho, descrita como uma “prestadora de serviços especiais ucraniana”. Após a explosão, a suspeita, identificada como Natalya Vovk, teria deixado Moscou rumo à Estônia.

Segundo a FSB, Natalya teria alugado um apartamento no mesmo prédio que vivia a vítima, de onde passou a vigiar seus passos a bordo de um Mini Cooper, veículo que teria alternado três placas diferentes do mês passado para cá. A agência divulgou um vídeo do que seria o carro da acusada entrando na Rússia. Imagens de segurança também mostram o mesmo veículo entrando no alegado prédio de Darya e, depois, deixando o país.

Mykhailo Podolyak, conselheiro do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, classificou as alegações da FSB como “propaganda russa” de “um mundo fictício”. Darya Dugina, aliás, esteve recentemente em territórios ocupados pela Rússia na Ucrânia, produzindo material de propaganda, segundo Filipe Figueiredo, do podcast Xadrez Verbal

A vítima e seu pai, frequentemente apontado pelo Ocidente como “um grande conselheiro”, “cérebro” ou “ideólogo” de Putin, participavam de um festival perto de Moscou na noite de sábado, onde Dugin palestrava. Eles supostamente sairiam de lá juntos e embarcariam no mesmo carro, mas teriam mudado de planos no último minuto.

Um vídeo circula na internet mostrando o filósofo perto do carro em chamas, bastante abalado. Uma declaração postada em um canal no Telegram por um amigo da família em nome de Dugin define o episódio como “um ato terrorista do regime nazista ucraniano”.

“Minha filha Darya Dugina foi brutalmente assassinada na minha frente. Ela era uma linda mulher ortodoxa, patriota, repórter de guerra, especialista em TV central e filósofa”, diz a mensagem, acrescentando: “Minha filha sacrificou a vida. Precisamos da vitória. Então, por favor, conquiste-a”.

Nesta segunda, em comunicado emitido pelo Kremlin, Putin dirigiu uma homenagem a Darya. Uma morte resultante de “um crime vil e cruel”, observou o líder.

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