Um incêndio atingiu no domingo (11) a usina nuclear de Zaporizhzhya, a maior da Europa, localizada no território ucraniano. A ocorrência gerou uma troca de acusações entre Moscou e Kiev, com cada um dos dois lados culpando o outro. As informações são da rede BBC.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que os ocupantes russos, no controle das instalações desde as primeiras semanas de guerra, iniciaram o fogo. Entretanto, declarou que não foram identificados picos de radiação ou outros indícios que indiquem um possível vazamento nuclear.
Moscou, por sua vez, se eximiu de responsabilidade e afirmou que o incidente foi iniciado por um bombardeio ucraniano.
Sem apontar um responsável, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) se manifestou através da rede social X, antigo Twitter, e também disse que a situação está sob controle.
“Especialistas da AIEA testemunharam forte fumaça escura vindo da área norte da ZNPP (Usina Nuclear de Zaporizhzhya, da sigla em inglês) após múltiplas explosões ouvidas à noite. A equipe foi informada pela ZNPP sobre um suposto ataque de drone hoje em uma das torres de resfriamento localizadas no local. Nenhum impacto foi relatado para a segurança nuclear”, disse a agência.
IAEA experts witnessed strong dark smoke coming from ZNPP’s northern area following multiple explosions heard in the evening. Team was told by ZNPP of an alleged drone attack today on one of the cooling towers located at the site. No impact has been reported for nuclear safety. pic.twitter.com/pZ0VGRZtbf
— IAEA – International Atomic Energy Agency ⚛️ (@iaeaorg) August 11, 2024
De acordo com Yevgeny Balitsky, governador de Zaporizhzhya nomeado pelo Kremlin, afirmou que o fogo atingiu uma das torres de resfriamento da usina e pediu calma, reforçando que não houve pico de radiação ou qualquer vazamento de material radioativo. Vladimir Rogov, mais uma autoridade nomeado por Moscou, disse que o fogo foi “completamente extinto” pouco após a ocorrência.
Desde o início da guerra, Zaporizhzhya é um dos principais focos de tensão, dado o risco de uma catástrofe nuclear caso seus reatores sejam atingidos. Em abril, a AIEA notificou o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) de que o risco de um acidente era elevado, vez que os princípios fundamentais de segurança haviam sido violados.
O alerta se seguiu a outra suspeita de ataque de drone contra a usina, que igualmente levou a uma troca de acusações entre Rússia e Ucrânia. Na oportunidade, o diretor da AIEA, Rafael Mariano Grossi, fez um apelo aos líderes militares para que se abstivessem de “qualquer ação que viole os princípios básicos que protegem as instalações nucleares.”
O caso mais recente, segundo Kiev, está atrelado à ofensiva que as forças ucranianas realizam dentro do território russo. Zelensky confirmou no final de semana que seus soldados invadiram a região de Kursk, levando o governo russo a deslocar tropas para a área e a evacuar a população civil.
De acordo com o presidente ucraniano, o incêndio em Zaporizhzhya é uma forma de Moscou chantagear Kiev, pressionando para que os ataques em Kursk sejam encerrados.