Rússia e Ucrânia trocam acusações sobre incêndio na maior usina nuclear da Europa

Kiev afirma que o fogo foi iniciado pelos ocupantes russos, que por sua vez culpam um bombardeio realizado pelas forças ucranianas

Um incêndio atingiu no domingo (11) a usina nuclear de Zaporizhzhya, a maior da Europa, localizada no território ucraniano. A ocorrência gerou uma troca de acusações entre Moscou e Kiev, com cada um dos dois lados culpando o outro. As informações são da rede BBC.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que os ocupantes russos, no controle das instalações desde as primeiras semanas de guerra, iniciaram o fogo. Entretanto, declarou que não foram identificados picos de radiação ou outros indícios que indiquem um possível vazamento nuclear.

Moscou, por sua vez, se eximiu de responsabilidade e afirmou que o incidente foi iniciado por um bombardeio ucraniano.

Usina nuclear de Zaporizhzhya, na Ucrânia (Foto: IAEA Imagebank/WikiCommons)

Sem apontar um responsável, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) se manifestou através da rede social X, antigo Twitter, e também disse que a situação está sob controle.

“Especialistas da AIEA testemunharam forte fumaça escura vindo da área norte da ZNPP (Usina Nuclear de Zaporizhzhya, da sigla em inglês) após múltiplas explosões ouvidas à noite. A equipe foi informada pela ZNPP sobre um suposto ataque de drone hoje em uma das torres de resfriamento localizadas no local. Nenhum impacto foi relatado para a segurança nuclear”, disse a agência.

De acordo com Yevgeny Balitsky, governador de Zaporizhzhya nomeado pelo Kremlin, afirmou que o fogo atingiu uma das torres de resfriamento da usina e pediu calma, reforçando que não houve pico de radiação ou qualquer vazamento de material radioativo. Vladimir Rogov, mais uma autoridade nomeado por Moscou, disse que o fogo foi “completamente extinto” pouco após a ocorrência.

Desde o início da guerra, Zaporizhzhya é um dos principais focos de tensão, dado o risco de uma catástrofe nuclear caso seus reatores sejam atingidos. Em abril, a AIEA notificou o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) de que o risco de um acidente era elevado, vez que os princípios fundamentais de segurança haviam sido violados.

O alerta se seguiu a outra suspeita de ataque de drone contra a usina, que igualmente levou a uma troca de acusações entre Rússia e Ucrânia. Na oportunidade, o diretor da AIEA, Rafael Mariano Grossi, fez um apelo aos líderes militares para que se abstivessem de “qualquer ação que viole os princípios básicos que protegem as instalações nucleares.”

O caso mais recente, segundo Kiev, está atrelado à ofensiva que as forças ucranianas realizam dentro do território russo. Zelensky confirmou no final de semana que seus soldados invadiram a região de Kursk, levando o governo russo a deslocar tropas para a área e a evacuar a população civil.

De acordo com o presidente ucraniano, o incêndio em Zaporizhzhya é uma forma de Moscou chantagear Kiev, pressionando para que os ataques em Kursk sejam encerrados.

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