Desde que as forças da Ucrânia cruzaram a fronteira e invadiram Kursk, na Rússia, ao menos 56 pessoas morreram, 266 ficaram feridas e 770 seguem desaparecidas na região. Os números foram divulgados pelo governo russo e reproduzidos pelo jornal The Moscow Times.
“Isso é apenas uma fração do que sabemos com certeza”, disse Rodion Miroshnik, enviado especial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia para “crimes do regime de Kiev”. Segundo ele, entre os feridos estão 11 crianças.
A ofensiva ucraniana já havia forçado as autoridades russas a evacuar mais de 150 mil residentes de áreas próximas à fronteira com a Ucrânia. No início de setembro, o governador Alexei Smirnov informou que os deslocados devido aos conflitos na fronteira foram “realocados para zonas seguras”. Agora, as acusações feitas por Moscou contra Kiev remetem àquelas que pesam contra as próprias tropas russas.
“As Forças Armadas da Ucrânia na região de Kursk atiraram na população civil russa, incluindo mulheres, crianças e idosos, atiraram tanto nas suas próprias casas como durante uma tentativa de evacuação em veículos civis”, afirmou o parlamentar Maxim Grigoriev.
As alegações, entretanto, foram contestadas pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Heorhiy Tykhyi.
“Dado o longo histórico de números falsos e propaganda da Rússia, simplesmente não há como verificar suas alegações. Se a Rússia quiser mostrar a situação real no local, ela pode conceder tal acesso à ONU (Organização das Nações Unidas) e ao CICV (Comitê Internacional da Cruz Vermelha)”, declarou Tykhyi, de acordo com a agência Reuters.
A ação militar em Kursk, segundo Kiev, ocorreu para distanciar as forças de Moscou da fronteira. Assim, as tropas russas teriam maior dificuldade para realizar novas incursões no território ucraniano e seriam forçadas a distanciar sua artilharia da linha de frente, comprometendo a capacidade de ataque.
Paralelamente, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky admitiu no final de agosto que a conquista de território russo também daria uma vantagem a Kiev em eventuais negociações de paz com Moscou.