Sueco acusado de espionagem industrial a favor da Rússia vai a julgamento

Consultor de tecnologia teria vendido informações à Rússia. É o primeiro caso dessa natureza no país escandinavo em 18 anos

Teve início nesta quinta-feira (26), na Suécia, o primeiro julgamento por espionagem no país em 18 anos. O caso envolve um consultor de tecnologia sueco, que teria vendido à Rússia informações relacionadas a processos de montagem das gigantes da indústria automobilística Scania e Volvo Cars, informou o portal The Local.

De acordo com os promotores do processo, o acusado, de 47 anos, responde por espionagem e coleta ilegal de inteligência que colocou em risco a segurança nacional da Suécia. Os dados confidenciais negociados tratavam de manufatura, como códigos-fonte e construção de produtos do setor automotivo”.

O acusado pode pegar até seis anos de prisão se for condenado. Ele nega as acusações.

Montagem na fábrica da Scania em Södertälje, Suécia (Foto: Wikimedia Commons/Divulgação)

Ele foi detido em fevereiro de 2019 enquanto jantava em um restaurante no centro de Estocolmo na companhia de um diplomata russo, que seria um oficial de inteligência.

O diplomata também foi preso, mas liberado após um curto período de detenção devido à prerrogativa de imunidade de seu cargo.

Modus operandi

De acordo com a acusação, o réu agiu transferindo ilegalmente material de seu computador de trabalho para um computador de uso particular e, posteriormente, para dispositivos de armazenamento de dados.

Para evitar que a ação ilícita fosse registrada pelo sistema de TI, o consultor de tecnologia ainda fez fotografias de informações diretamente da tela de seu computador de trabalho.

Por que isso importa?

A prisão gerou uma disputa diplomática entre os países, com a Suécia posteriormente negando vistos a dois enviados russos. Em retaliação, a Rússia expulsou dois diplomatas suecos.

No momento em que foi preso, o consultor havia acabado de receber 27,8 mil coroas suecas (cerca de R$ 17,6 mil) pelos serviços prestados a Moscou, disse o promotor Mats Ljungqvist em fevereiro.

O julgamento está previsto para terminar na próxima quarta-feira (1º).

Em seu último relatório anual publicado em 2020, a agência de inteligência da Suécia disse que Rússia e China são consideradas as nações que representam a maior ameaça de inteligência ao país escandinavo.

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