Ucrânia acusa Rússia de enviar corpos mutilados para dificultar identificação de soldados mortos

Ministro diz que restos chegam em sacos trocados, com partes misturadas e até com soldados russos entre os ucranianos

A Rússia está deliberadamente dificultando a identificação dos soldados ucranianos mortos na guerra, ao enviar corpos severamente mutilados e restos humanos misturados. A acusação é do ministro do Interior da Ucrânia, Ihor Klymenko, que falou após a entrega dos corpos de 1.245 militares no que seria a última fase de um acordo firmado entre os dois países para repatriação de restos mortais. As informações são da rede Radio Free Europe (RFE).

“Corpos são devolvidos em estado extremamente mutilado, partes [do mesmo] corpo em sacos diferentes”, escreveu Klymenko. “Há casos em que os restos de uma pessoa são devolvidos em estágios diferentes da repatriação.” Segundo ele, até mesmo corpos de soldados russos foram enviados misturados aos dos ucranianos no carregamento mais recente.

Soldado ucraniano com a bandeira do país às costas (Foto: x.com/DefenceU//divulgação)

O número informado por Moscou difere levemente: o Ministério da Defesa da Rússia afirmou ter transferido 1.248 corpos no dia 16 de junho. Já os restos de 51 soldados russos foram recebidos pela Rússia na mesma data, totalizando 78 entregues por Kiev ao longo do mês.

O acordo de repatriação de corpos foi o único resultado concreto das negociações de paz realizadas entre os dois países em Istambul, nos dias 16 de maio e 2 de junho. Foi a primeira rodada de conversas diretas desde o fracasso das negociações que ocorreram semanas após o início da invasão russa, em fevereiro de 2022.

Klymenko afirmou que o processo de identificação dos corpos é “complexo e demorado”, envolvendo autópsias, exames de DNA e outros procedimentos técnicos. Segundo ele, os especialistas ucranianos estão “trabalhando no limite do possível” para dar resposta às famílias.

“Entendemos a dor e as expectativas dos parentes. Estamos acelerando o processo de identificação o máximo que conseguimos. Mas, com cada nova repatriação em larga escala, isso se torna mais difícil, e talvez esse seja precisamente o objetivo da Rússia”, declarou.

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