União Europeia pressiona Geórgia para investigar irregularidades eleitorais pró-Moscou

Partido governista avança com políticas que Bruxelas e Washington consideram retrocessos no caminho democrático e favorecem a Rússia

Nesta quinta-feira (7), líderes de três países da União Europeia (UE), França, Alemanha e Polônia, pediram que o governo da Geórgia investigue suspeitas de irregularidades eleitorais nas eleições parlamentares realizadas em outubro. As lideranças europeias, preocupadas com os recentes desdobramentos no cenário político georgiano, também solicitaram que Tbilisi revogue uma legislação controversa que, segundo eles, apresenta fortes influências russas. As informações são da Radio Free Europe.

A situação política na Geórgia tornou-se tensa desde o anúncio dos resultados eleitorais, que garantiram ao partido Sonho Georgiano, no poder há 12 anos e com inclinações pró-Moscou, 54% dos votos. A oposição, composta por partidos e líderes que defendem uma orientação europeia, recusou-se a aceitar o resultado, acusando o governo de manipulação e outras práticas fraudulentas que teriam favorecido o partido governista e, consequentemente, a Rússia.

Diariamente, a capital Tbilisi tem sido palco de grandes protestos organizados pela oposição. As manifestações reúnem milhares de pessoas que exigem novas eleições e uma revisão profunda do processo eleitoral. As lideranças oposicionistas criticam o Sonho Georgiano, afirmando que o partido prioriza interesses russos em detrimento dos interesses democráticos e da integração europeia.

Vista de Tbilisi (Foto: WikiCommons)

A presidente da Geórgia, Salome Zurabishvili, que também possui uma posição pró-europeia, anunciou que não reconhece a validade dos resultados das eleições, destacando que houve “fraude maciça” e acusando o governo de estar sob influência russa. A presidente apelou por mudanças substanciais na legislação e solicitou uma resposta firme da comunidade internacional para garantir a integridade do processo democrático no país.

O presidente da França, Emmanuel Macron, o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, expressaram em uma declaração conjunta sua “profunda preocupação” com as numerosas denúncias de irregularidades e intimidação de eleitores ocorridas durante o processo eleitoral na Geórgia.

O país do Cáucaso, que busca aderir à União Europeia desde o ano passado, tem enfrentado críticas severas de Bruxelas e Washington devido a ações do partido governista Sonho Georgiano. Entre as medidas controversas, estão uma legislação que limita o financiamento estrangeiro para ONGs, inspirada na lei de “agentes estrangeiros” da Rússia, e iniciativas anti-LGBT. Esses movimentos são vistos como um retrocesso democrático, levantando preocupações sobre o comprometimento do país com os valores europeus.

Críticas e pressões

Em uma declaração conjunta, os líderes da França, Alemanha e Polônia — Emmanuel Macron, Olaf Scholz e Donald Tusk — expressaram profunda preocupação com o rumo do governo georgiano. Os líderes alertaram que as ações recentes de Tbilisi, incluindo a adoção de uma legislação que limita o financiamento estrangeiro de ONGs e iniciativas contra a comunidade LGBT, podem prejudicar o progresso da Geórgia rumo à adesão ao bloco europeu.

“A menos que a Geórgia reverta seu curso de ação atual e promova reformas significativas, especialmente a revogação das leis que contrariam os princípios e valores europeus, não poderemos apoiar a abertura das negociações de adesão com o país”, afirmaram os três líderes durante uma reunião em Budapeste, que também foi marcada pela Cúpula Informal da União Europeia.

O anúncio ocorre enquanto o Tribunal de Apelações da Geórgia continua a revisar alegações de irregularidades eleitorais, com observadores como a Young Lawyers’ Association e a My Voice denunciando mais de 900 casos de violações em 1.131 distritos eleitorais. A My Voice, em particular, destacou que os casos de fraude eleitoral estão diretamente relacionados a procedimentos de votação em várias comissões distritais durante a eleição de 26 de outubro, um evento que gerou protestos diários em Tbilisi liderados pela oposição pró-europeia.



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