O ex-soldado do Exército Brasileiro Tailon Ernesto Ruppenthal, de 41 anos, recebeu honras militares em Kharkiv, na Ucrânia, antes de seu corpo ser trazido de volta ao Brasil. A cerimônia, realizada em 13 de outubro, contou com tiros de salva, execução da marcha fúnebre e rituais da Igreja Ortodoxa, predominante no país. As informações são da Rádio Taquara.
O funeral foi registrado por uma equipe das Forças Armadas da Ucrânia e posteriormente enviado à família no Brasil. No país europeu, cerimônias desse tipo costumam reunir elementos religiosos e militares, conduzidas por padres ou capelães ortodoxos, com bênçãos e orações dedicadas aos combatentes.

Companheiros de guerra prestaram homenagens
De acordo com Camila Ruppenthal, irmã de Tailon, o funeral contou com a presença de colegas da unidade ucraniana em que ele servia. Ela relatou que os companheiros permaneceram ao lado dele até o fim.
“O sargento Tiago Fortes, líder do Ares Group, estava presente. Os colegas de meu irmão o carregaram depois que ele foi atingido em combate. Tenho muita admiração por esses soldados. Eles não o deixaram para trás: levaram-no para um bunker e, depois, para o hospital, ainda com vida. Meu irmão era muito forte, mas infelizmente não resistiu à cirurgia”, contou.
Tailon morreu em 5 de outubro, após um ataque russo na região de Kharkiv, onde atuava como combatente no front e operador de drones no Ares Group, unidade de elite das forças ucranianas.
Corpo chegou ao Brasil após cerimônia na Ucrânia
Depois do funeral em Kharkiv, o corpo foi repatriado e chegou ao Brasil em 17 de outubro. O velório ocorreu no Ginásio Municipal de Três Coroas (RS), e o sepultamento foi realizado no Cemitério Evangélico da cidade.
Natural de Araranguá (SC), Tailon vivia há vários anos em Três Coroas, onde trabalhava como videomaker. Ele foi ex-integrante do Exército Brasileiro e participou da missão de paz da ONU no Haiti em 2004.
Espiritualidade
Segundo a irmã, a espiritualidade sempre teve um papel central na vida de Tailon, algo que se aprofundou durante sua passagem pela guerra.
“Ele era espiritualista, acreditava muito na espiritualidade e, com a ida para a Ucrânia, isso se intensificou. Um homem precisa de muita coragem para ir para lá e de muita proteção espiritual. Ele mencionava muito isso e às vezes acreditava que nada iria acontecer com ele. Mas, infelizmente, não foi assim. Em uma guerra com alta tecnologia, é difícil”, afirmou Camila.