De Uganda à Europa: nova cepa de mpox já circula em seis países fora da África

A Organização Mundial da Saúde confirma mais de 3 mil casos globais e identifica novas transmissões locais do vírus mpox do clado Ib fora da África

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que todas as cepas conhecidas do vírus mpox continuam em circulação em 2025, reforçando a preocupação com a possibilidade de uma transmissão comunitária sustentada caso os surtos não sejam rapidamente contidos. Um novo clado, identificado como clado Ib, já ultrapassou as fronteiras africanas e foi detectado em diversos países pela primeira vez. As informações são da Reuters.

De acordo com o relatório mais recente da OMS, 42 países notificaram 3.135 casos confirmados de mpox e 12 mortes durante setembro de 2025, o que representa uma taxa de letalidade de 0,4%. Mais de 80% dos casos ocorreram na Região Africana, onde o vírus permanece endêmico.

Erupções de pele causadas pela varíola dos macacos (Foto: The Focal Project/Flickr)

Nos últimos 45 dias, 17 países africanos registraram transmissão contínua, totalizando 2.862 casos e 17 mortes (taxa de 0,6%). A República Democrática do Congo, Libéria, Quênia e Gana estão entre os mais afetados, com aumento de casos no Quênia e na Libéria, e tendência de queda no Congo.

O relatório indica que quatro regiões, África, Mediterrâneo Oriental, Américas e Pacífico Ocidental, apresentaram redução nos casos confirmados, enquanto Europa e Sudeste Asiático registraram alta.

Desde a última atualização, Malásia, Namíbia, Holanda, Portugal e Espanha relataram a detecção do vírus mpox do clado Ib (MPXV) pela primeira vez. Também houve casos importados identificados em Bélgica, Canadá, Alemanha, Itália, Catar e Espanha, relacionados a viajantes internacionais.

A OMS informou que Itália, Malásia, Holanda, Portugal, Espanha e Estados Unidos confirmaram transmissão local do vírus mpox do clado Ib, inclusive entre pessoas sem histórico recente de viagens.

Pelo menos cinco casos recentes foram registrados entre homens com parceiros do mesmo sexo, marcando a primeira evidência de circulação dessa cepa nesse grupo.

Atualmente, a OMS avalia o risco de saúde pública como moderado para homens com parceiros do mesmo sexo e baixo para a população em geral fora das áreas historicamente endêmicas.

“Quando os surtos de mpox não são rapidamente controlados e a transmissão de pessoa para pessoa não é interrompida, há risco de disseminação comunitária sustentada”, alertou a agência.

Variantes que se espalham entre humanos

A mpox é uma doença zoonótica transmitida por animais infectados, mas que tem mostrado uma tendência cada vez maior de se espalhar entre humanos.

Em 2022, uma variante do vírus, o clado IIb, começou a se espalhar globalmente por meio do contato sexual. Desde o final de 2023, outra cepa viral, o clado Ib, se disseminou por relações íntimas e contato próximo.

Isto levou CDC africano a declarar uma Emergência de Saúde Pública de Segurança Continental e o diretor-geral da OMS a declarar uma Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional, em agosto de 2024. Desde então, 28 países relataram casos de mpox ligados ao clado Ib.

O Plano de Resposta Continental atualizado busca integrar os cuidados ligados à doença nos serviços de saúde de rotina.

A mpox causa lesões dolorosas na pele e nas mucosas, muitas vezes acompanhadas de febre, dor de cabeça, dores musculares, dor nas costas, fadiga e gânglios linfáticos inchados. Ela pode ser debilitante e desfigurante.

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