Líder palestino pede à ONU para que Israel seja suspensa por descumprir resoluções

Mahmoud Abbas acusa EUA e Reino Unido de se recusarem a responsabilizar Jerusalém por sua agressão e ocupação de terras palestinas

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, pediu nesta segunda-feira (15) à comunidade internacional que suspenda a participação de Israel na ONU sob a justificativa de que Jerusalém obstrui a implementação das resoluções das Nações Unidas e do direito internacional. As informações são do jornal Times of Israel.

“Forçar Israel a implementar essas duas resoluções era uma condição, um pré-requisito para sua adesão à ONU na época”, disse Abbas. “No entanto, infelizmente, alguns países – todos sabemos de quem estamos falando, vamos mencioná-los mais tarde – nesta organização obstruíram deliberadamente a implementação dessas resoluções em uma prática que atenta contra a justiça, a ética e os valores humanos”, disse o líder.

A fala de Abbas ocorreu na sede da ONU em Nova York, durante evento alusivo ao 75º aniversário da Nakba palestina, referente ao êxodo que ocorreu em 1948, durante a guerra árabe-israelense, quando um grande número de palestinos foi deslocado, expulso ou fugiu de suas terras e lares em consequência da criação do Estado de Israel. A palavra “Nakba” significa “catástrofe” em árabe.

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, em pronunciamento ao Parlamento Europeu, junho de 2016 (Foto: Divulgação/European Parliament)

A Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução em 30 de novembro de 2022, pedindo a comemoração da data.

“Exigimos hoje, oficialmente, de acordo com a lei internacional e as resoluções internacionais, garantir que Israel respeite essas resoluções, ou suspender a participação de Israel na ONU”, acrescentou Abbas.

Segundo o líder palestino, ao longo dos anos, a ONU tem adotado inúmeras resoluções desde 1947 que reconhecem os direitos do povo palestino, porém, até o momento, nenhuma delas foi efetivamente implementada.

Ele criticou a postura dos Estados Unidos e do Reino Unido, acusando-os de “manterem-se em silêncio” diante das contínuas agressões e de se recusarem a responsabilizar Israel pela ocupação das terras palestinas e pela construção de assentamentos ilegais.

“A Grã-Bretanha e os Estados Unidos especificamente têm responsabilidade política e ética diretamente pela Nakba do povo palestino, porque participaram de tornar nosso povo uma vítima quando decidiram estabelecer e plantar outra entidade em nossa pátria histórica para seus próprios objetivos coloniais”, disse Abbas, que acrescentou: “Esses países queriam se livrar de seus judeus e se beneficiar de sua presença na Palestina”.

O presidente da Autoridade Palestina também instou a comunidade internacional a assumir sua responsabilidade de proteger o povo palestino, alegando se tratar de uma população submetida diariamente à violência.

Estamos reclamando todos os dias. Estamos chamando todos os dias, por favor, proteja-nos, por favor, proteja-nos. Por que você não está nos protegendo? Não somos seres humanos? Você até protege os animais”.

A chefe de assuntos políticos da ONU, Rosemary Di Carlo, pediu a Israel que ponha fim à sua ocupação.

“Queremos ver um Estado independente da Palestina vivendo lado a lado com Israel em paz e segurança, com Jerusalém como a capital de ambos os Estados”, disse ela.

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